Mesmo após o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) decidiu manter o requerimento que convoca o ex-dirigente para prestar esclarecimentos na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados.
De acordo com o parlamentar sul-mato-grossense, a audiência pública é necessária para investigar juridicamente indícios de irregularidades na gestão de Ednaldo, com foco especial nas alterações promovidas no estatuto da CBF em novembro de 2024. “Essa solicitação é exatamente para averiguar, para ver juridicamente os indícios de problema e as repercussões de consequentes desdobramentos”, afirmou Ovando.
O deputado argumenta que a saída de Ednaldo do cargo não encerra a discussão, mas sim reforça a urgência da apuração. Segundo ele, as mudanças no estatuto teriam sido feitas para concentrar poder e enfraquecer mecanismos de fiscalização. “Ele alterou todo o estatuto, beneficiando grupos ligados basicamente a ele e fazendo inclusive uma ação ditatorial”, declarou.
Entre os pontos criticados estão o aumento dos poderes do presidente da CBF, a extinção de ferramentas de controle interno e a retirada de cláusulas que impediam conflitos de interesse — como a proibição de contratos com parentes de dirigentes. Ovando aponta que o conjunto dessas mudanças configura o que chamou de “Estatuto Ednaldo”.
A convocação ocorre após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que, em 7 de dezembro de 2023, afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Conforme o Globo Esporte, a medida atendeu a uma ação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que questionou a legalidade do termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado para viabilizar sua eleição ao cargo.
A audiência, ainda sem data confirmada, deverá ouvir também o atual secretário-geral da CBF, Lucas Santos Ribeiro, e deve contar com a presença de especialistas em governança esportiva, representantes da sociedade civil e membros de órgãos de controle.
“Isso precisa ser falado, mantemos o requerimento porque realmente há muito a ser esclarecido. E a gente vai insistir”, concluiu Ovando.