Depois da falta de chuvas e das fortes ondas de calor que prejudicaram o desempenho das lavouras desde outubro do ano passado, agora é o frio que trouxe geada em pleno mês de maio e trouxe apreensão principalmente aos produtores do sul do Estado.
De acordo com o projeto Siga, da Famasul, “até o presente momento, os relatos foram pontuais e sem grandes efeitos”. Ao mesmo tempo, informa que “o trabalho a campo segue durante essa semana para se poder ter uma estimativa mais precisa sobre as ocorrências”.
Na região de Amambai, a mínima na madrugada desta quarta-feira foi de apenas 1,7 grau, segundo o Inmet. E, conforme o meteorologista Natálio Abrahão, houve registro de geada nas regiões mais baixas de praticamente todos os municípios que fiam ao sul de Nova Alvorada do Sul.
No boletim semanal publicado pela Famasul nestaterça-feira (28), a instituição deixa claro que 50% das lavouras de milho já estavam em condições consideradas ruins na área denominada como sul-fronteira, a mais atingida pela geada desta quarta-feira.
Mas a situação não é das melhores também no restante da região sul e no centro, onde as lavouras foram classificadas como ruins em 29% e 36%, respectivamente. Em parte dos municípios situados nestas áreas também foi registrada geada.
“Na segunda safra de milho de 2023/2024, já observamos perdas significativas no potencial produtivo devido ao estresse hídrico. Essa situação adversa afetou uma área total de 508 mil hectares em várias regiões do estado, incluindo o sul, sudoeste, centro, oeste, nordeste, norte, sul-fronteira e sudeste”, diz o boletim divulgado nesta terça-feira.
A preocupação com a geada aumenta porque 40% do milho foi plantado com atraso, fazendo com que ainda esteja na faze de crescimento e desenvolvimento. “Constatamos que 60% da área total foi semeada até 10 de março, período que se enquadra na janela ideal de semeadura. A fenologia do milho desses 60% varia entre R2 (grão leitoso) e R6 (maturidade fisiológica).” Essa parcela das lavouras está praticamente imune à geada fraca.
“Quanto aos 40% restantes que foram plantados posteriormente, 39,8% estão no sul, 61,6% no centro e 7,3% no norte. A fenologia desses 40% varia entre V4 (quatro folhas) e R2 (grão leitoso). Esse milho sofreu com quase 30 dias de seca e chuvas esparsas, enfrentando uma situação desafiadora, conforme indicam as tendências climáticas”.
Neste ano, conforme o projeto Siga, foram plantados em torno de 2,2 milhões de hectares de milho em Mato Grosso do Sul, o que é 5,8% a menos que no ano passado. A previsão inicial era colher 11,5 milhões de toneladas. Mas, por conta das condições climáticas, a produção tende a ficar abaixo disso.
Mas, em meio a uma série de más notícias, pelo menos um pequeno alento. O preço do milho está um pouco melhor que na mesma época do ano passado. De acordo com último boletim da Aprosoja, “o valor médio para o período foi de R$ 49,29/sc, que representou valorização de 17,07% em relação ao valor médio de R$ 42,10/sc no mesmo período de 2023”.
MILITARES
O calor e a falta de chuvas também já provocaram significativo baque na produção de soja, estimado em uma perda de R$ 11 bilhões no faturamento do setor rural. Conforme a Aprosoja, a última safra rendeu 12,35 milhões de toneladas, ante 15 milhões no ciclo anterior, apesar do aumento superior a 5% na área plantada.
A produtividade média, que no ano anterior havia sido de 62 sacas por hectare, caiu para apenas 48,8 sacas por hectare. Em alguns municípios da região sudoeste, por exemplo, a média ficou em apenas 33 sacas por hectare.