Apesar de ser considerada pequena, com apenas 23.981 habitantes, a cidade de Jardim, não tem poupado gastos dos cofres públicos. Na Câmara Municipal da cidade, folha de diárias expõe gastos exorbitantes para custear viagens de vereadores mês a mês.
Levantamento feito pelo jornal Midiamax mostra que, desde janeiro, a Casa de Leis já chegou a desembolsar R$ 340.200 para bancar destinos dos vereadores, tanto para outras cidades do interior, como para a Capital, que fica apenas a 237 quilômetros.
Para cada viagem, o montante depositado pelo financeiro da Câmara à conta dos parlamentares é de R$ 2.400 na maioria das vezes. Também há registros de R$ 400 e R$ 1.600. Recebem os benefícios, os assessores de imprensa, agente administrativo, controlador interno, entre outras funções que não foram contabilizadas.
Segundo informações do portal da transparência, o quantitativo assegura o deslocamento e despesas, como alimentação e hotelaria, para palestras e seminários frequentados pelos colaboradores que integram o quadro da Câmara.
Um morador da cidade de Anastácio e ex-servidor público procurou o jornal Midiamax para denunciar episódios de diárias indevidas, que, de acordo com ele, não coincidem com os gastos das viagens. O questionamento do leitor se dá pela não devolução do que sobra de cada depósito feito, o que beneficia vereadores e colaboradores da administração de diversos setores.
Relatório disponível no portal da Câmara Municipal de Anastácio, revela que, desde janeiro deste ano, R$ 113.200 já foram gastos com despesas em viagens. O município fica em segundo lugar dentre os comparados pela reportagem até o início de junho.
Para o presidente da Câmara Municipal de Anastácio, Ademir Alves, tudo não passa de “Fake News”. Ele justifica que os pagamentos das diárias são feitos conforme todos os municípios do Estado costumam fazer.
“São feitos iguais os de Anastácio, Aquidauana, Miranda e os 79 municípios. Nós pagamos as diárias referentes a dois dias em Campo Grande e eles trazem o comprovante e prestam contas ao controlador da Câmara. As diárias são baseadas em leis que permitem os pagamentos. Infelizmente, eles usaram fake news e querem usar os jornais”, justificou.
Considerando o valor da gasolina em R$ 5,60, R$ 0,11centavos mais caro que o atual em Campo Grande, em R$ 5,49, o percurso de ida e volta chega a custar R$ 280 por veículo. Já a estadia de duas noites, cotada em hotel na Avenida Mato Grosso, região nobre da cidade, o preço seria de R$ 334.
Já o almoço pode custar R$ 50,00, bem como a janta em alguns restaurantes. Se somado quatro refeições, sendo almoço, janta, mais as diárias e o combustível, a viagem custaria, em média, um total de R$ 814 para dois dias. Atualmente, os valores pagos são de R$ 1.800, R$ 1.600, e R$ 2.400.
Em Aquidauana, o portal da Transparência não disponibiliza os números referentes a 2024 para a população. Com isso, não foi possível checar os dados.
Entre os três municípios, Miranda ficou em terceiro lugar quanto aos gastos com viagens dos políticos. A Câmara Municipal da cidade paga R$ 2.278,98 em viagens frequentes à Campo Grande. Em fevereiro foram desembolsados R$ 22.789,80; em março foram R$ 26.057,80; abril, R$ 22.789,80; maio, R$ 22.789,80; e junho, R$ 18.231,84. As viagens ocorrem várias vezes ao mês, no valor fixo de R$ 2.278,98 por pessoa.
A equipe acionou os presidentes das casas de leis por meios devidamente registrados para entender como funcionam os pagamentos, se há possibilidade de um gerenciamento nos custos e qual o teto de gastos que a casa deve respeitar em diárias até o fim do ano legislativo, mas até o fechamento deste material, apenas o vereador-presidente de Anastácio respondeu aos questionamentos. Contudo, o espaço segue aberto para posicionamento dos demais.