O ex-chefe de compras da prefeitura de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, informou à Justiça que irá pagar até o fim deste mês o valor de R$ 80 mil referente à devolução de valor que teria recebido como propina para operar esquema de corrupção chefiado pelo vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB).
A devolução faz parte de acordo de colaboração premiada feita com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Dessa forma, Basso confirma que cumpre a contrapartida e mantém o acordo.
Em depoimento de delação feita aos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o ex-servidor detalhou como funcionava todo o esquema chefiado pelo vereador do PSDB. No total, 23 investigados se tornaram réus pelo esquema de corrupção no município de Sidrolândia, que fica a 70 km de Campo Grande.
Na semana passada, a defesa do empresário Ueverton Macedo da Silva, o Frescura, apontado como o líder empresarial do grupo, havia pedido que o MPMS confirmasse que manteve a delação de Basso para poder apresentar sua defesa no processo.
Nos autos, a promotora de Justiça, Bianka M. A. Mendes havia se manifestado contra aumentar o prazo para a defesa de Frescura apresentar defesa e classificou a manobra como tentativa de protelar a sentença. “Visando a protelação indevida do processo, para postergar o seu fim, o ato deve ser considerado abusivo e por consequência indeferido”.
Por fim, pediu ao juiz que o advogado de Frescura junte as alegações finais no prazo de 5 dias.
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Claudinho Serra recebia ‘mesada’ de empresas com contratos em Sidrolândia
Depoimento do delator, em abril deste ano, expôs os detalhes do esquema de corrupção chefiado por Claudinho Serra (PSDB) em Sidrolândia.
Como exemplo de como o grupo agia, Basso detalha pagamento em dobro por um produto ou serviço, “mesada” de 10% cobrada de empresários e uso de contratos para interesses pessoais.
Assim, Basso detalhou que tinha como função fazer cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia, a mando de Claudinho.
Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie.
“O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo que era pago pelo Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação.
Ainda de acordo com a delação, Tiago detalha que, mensalmente, emitia cerca de R$ 100 mil em notas frias, ou seja, que não correspondiam ao serviço prestado.