Após o depoimento de Rafael de Souza Carrelo, que ocupa o banco de réus na manhã desta terça-feira (7) pelo homicídio culposo em direção de veículo automotor da namorada Mariana Vitória Vieira de Lima, foi a vez da Promotoria, que atua como acusação, apresentar a tese aos jurados do Tribunal do Júri. O promotor José Arturo Iunes Bobadilla Garcia discorda da defesa, que alega “culpa consciente”.
O acidente que matou Mariana ocorreu na madrugada do dia 15 de maio de 2021. Rafael dirigia o veículo, um Toyota Etios, pela Avenida Afonso Pena, com a namorada no capô. Em relato dele, tudo não se passou de uma brincadeira. Disse, inclusive, que chegou a ir para o capô enquanto Mariana dirigia momentos antes do fatídico acidente.
O promotor José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, inclusive, chegou a mostrar três vídeos que mostram ambos no capô, em momentos diferentes. No primeiro, é possível ver Mariana assumindo a direção. No segundo, a jovem dirigindo, em velocidade compatível com a via, com o namorado no capô. E no terceiro, vê-se Rafael com a namorada no capô.
Quando Rafael adentrou a Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camilo, a antiga Via Park, perdeu o controle do carro, que estava a 95 km/h. Ele, então, bateu o carro no meio-fio, depois em uma árvore e, então, em um poste de energia elétrica. O carro parou a 40 metros do local.
Mariana Vitória estava no capô do veículo e foi arremessada. A jovem teve fraturas na coluna cervical, bacia e quadril direitos, bem como na parte superior do fêmur. Rafael conta que tentou socorrê-la até hospital, mas foi impedido por populares, que acionaram a ambulância.
Para a promotoria, Rafael assumiu o risco de matar a namorada por três motivos: estar embriagado, transitar em velocidade acima da via e levá-la no capô do Etios. Isso o promotor chama de “dolo eventual”. “No dolo eventual, você prevê o resultado e assume o risco desse resultado”, explica.
A defesa, no entanto, realizada pelos advogados Marlon Ricardo Lima Chave, alega que o réu agiu com ‘culpa consciente’. “Eu discordo, com todo respeito, doutor Marlon (…) Culpa consciente está ligada à pessoa. Eu vou prever o resultado, mas garanto (com ênfase) que não vai acontecer, eu asseguro que aquele resultado não vai acontecer”.
“Vida seguiu”
Mariana teria dito que queria comer no retorno para casa, já que estava com fome e, por isso, foram em direção a uma lanchonete. No entanto, Rafael diz que no meio do caminho decidiram fazer a brincadeira de subir no capô, quando aconteceu o acidente e Mariana morreu. “Não tive a intenção de causar a morte dela”.
Questionado sobre como passou todos esses anos depois do crime, pelo qual respondeu em liberdade, apenas afirmou que “a vida seguiu, né?”