Ex-presidente tenta encaixar apoio à reeleição de Adriane Lopes, enquanto incentiva a pré-candidatura de Capitão Contar
Com suas atenções voltadas para 2026 e com a difícil tarefa de fazer o maior número de prefeitos possível nas eleições municipais do próximo ano, o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) está atirando para todos os lados à procura de um candidato para o seu partido ou de algum forte aliado para disputar e vencer o pleito pela Prefeitura de Campo Grande.
Em videochamada feita para os participantes do 1º Seminário da Direita de Amambai, realizado no dia 11, Bolsonaro deixou isso bem claro ao reafirmar que o PL terá candidato próprio a prefeito da Capital em 2024, chegando até a citar ainda que um dos postulantes pode ser o ex-deputado estadual Capitão Contar, que hoje está no PRTB, mas que já foi convidado para se filiar ao partido do ex-presidente. Hoje, a sigla em Mato Grosso do Sul é presidida pelo deputado federal Marcos Pollon.
“Eu tenho conversado muito com o Contar e acredito que vocês tenham futuro para Mato Grosso do Sul. Tenho falado muito com o meu partido que a ideia nossa é que, em cidades onde haverá segundo turno, ou seja, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores, no caso de Mato Grosso do Sul, só tem Campo Grande, nós vamos ter candidato a prefeito”, disse Bolsonaro, arrancado aplausos da plateia.
Ele complementou que, apesar de a atual prefeita da Capital, Adriane Lopes (PP), ter um bom prestígio com a senadora Tereza Cristina (PP) e com outras pessoas da direita sul-mato-grossense, ela não contará com seu apoio.
“Não estou fazendo campanha contra ela, de jeito nenhum, mas se o Contar ou outra pessoa aí tiver vontade de disputar a prefeitura, demonstrando o conhecimento que vocês têm, obviamente, isso nos ajudará a fazer uma boa bancada de vereadores. Havendo o segundo turno, aí nós apoiamos a outra pessoa contra a esquerda”, concluiu.
O vídeo com a conversa de Bolsonaro com os participantes do 1º Seminário da Direita de Amambai foi postado nesta quarta-feira pelo próprio Capitão Contar em suas redes sociais.
Ao Correio do Estado, o ex-deputado estadual disse que a direita está unida e empenhada em realizar um grande trabalho para reforçar a base de vereadores e prefeitos em 2024 e fortalecer as eleições de 2026 em todo o País.
“É importante que tenhamos gente comprometida com as mudanças e um verdadeiro projeto de resgate de que o Brasil precisa para desfazer os retrocessos trazidos pela esquerda”, opinou.
OUTRA CANOA
Porém, ao mesmo tempo que garante candidatura própria para prefeito de Campo Grande e incentiva Capitão Contar e outras lideranças da direita no município a abraçarem a ideia, o ex-presidente da República estaria negociando um provável apoio à reeleição da prefeita Adriane Lopes.
Fontes ouvidas pelo Correio do Estado revelaram que Bolsonaro teria conversado com interlocutores para que o PL possa indicar o candidato a vice na chapa encabeçada pela progressista em 2024.
Na prática, ele está colocando um pé em cada canoa para decidir somente na data-limite em qual delas vai realmente embarcar rumo às eleições municipais do próximo ano na Capital.
Se o nome escolhido pelo PL chegar com chances reais em 2024, o ex-presidente chancela a candidatura própria para prefeito. Contudo, caso isso não se concretize, a saída será declarar apoio à reeleição
da atual prefeita, garantindo, dessa forma, no caso da vitória de Adriane Lopes, um palanque certo para a sua provável campanha de retorno à Presidência da República em 2026.
Entretanto, essa estratégia só surtiria efeito na eventualidade de Bolsonaro conseguir reverter na Justiça sua inelegibilidade até 2030. Em 30 de junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o condenou, por cinco votos a dois, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Para agravar a situação de Bolsonaro, o Ministério Público Eleitoral se manifestou, no dia 15, a favor de um novo pedido de inelegibilidade contra ele, por enxergar abuso de poder político na realização de atos no desfile cívico-militar de 7 de Setembro do ano passado, em Brasília (DF).
CORREIO DO ESTADO