Na segunda-feira (20), mesmo dia em que a diretoria do Hospital Regional Álvaro Fontoura esteve na Câmara Municipal de Coxim para prestar explicações sobre o caos na saúde pública do município, mais um paciente ficou sem transporte e precisou esperar horas por uma ambulância UTI, que precisou ser cedida por outro município. Este já é o segundo caso em cerca de uma semana.
O vereador Abilio Vaneli (PT) compartilhou a situação nas redes sociais. Ele disse que, juntamente com o vereador Marcinho Souza (PSB), foram informados por familiares de um paciente que estava em estado grave aguardando transporte para Campo Grande via vaga zero. No entanto, não havia ambulâncias UTI disponíveis.
O transporte foi acionado por volta das 19h, cerca de quatro horas após o pedido, graças ao município de Sonora, que enviou uma de suas ambulâncias, que só teeria chegado em Coxim após as 21 horas.
“As ambulâncias do Hospital Regional estão todas baixadas no pátio […] é lamentável essa situação, é revoltante e a população fica indignada. Nosso mandato, junto com o do vereador Marcinho, acompanhou de perto a situação e cobramos providências mais uma vez”, disse Abilio. “Nossa população pede socorro”, completou.
Já na sessão realizada à noite, Marcinho cobrou o prefeito Edilson Magro e a diretoria. Ele citou que o paciente estava aguardando desde às 15 horas, com hemorragia e uma bolsa de sangue. “Não adianta tapar o sol com a peneira […] o diretor até que conseguiu uma ambulância, mas só às 19 horas. Se tivéssemos uma ambulância, o paciente já estava em Campo Grande sendo atendido”, reclamou Marcinho.
Saúde em crise
Conforme tem sido noticiado pelo MS Norte, a saúde de Coxim enfrenta uma crise preocupante e quem sofre as consequências é a população. Os problemas na atual gestão são numerosos, incluindo ônibus em condições precárias, má administração da frota, mudanças repentinas na escala dos postos de saúde, falta de ambulâncias para o transporte de pacientes e até mesmo a demissão de um médico plantonista.
Além disso, o município e a Fesp (Fundação Estatal de Saúde do Pantanal), entidade responsável pela administração do Hospital Regional, estão enfrentando duas ações judiciais por supostos erros médicos. Uma delas envolve a perfuração da bexiga de uma mulher, e a outra resultou na morte de uma bebê. Os pedidos de indenizações nessas ações ultrapassam os R$ 2 milhões.
Nos últimos meses, a situação parece apenas se agravar. Em julho, vieram à tona os problemas na gestão da frota, que resultaram em diversas viaturas fora de serviço, incluindo ambulâncias. Isso obrigou o município a alugar ônibus para transportar pacientes para consultas em Campo Grande.
Em pelo menos duas ocasiões, esses veículos em más condições apresentaram problemas, deixando os pacientes às margens das rodovias. Apesar de outros veículos terem sido disponibilizados posteriormente, a demora fez com que muitos pacientes perdessem seus atendimentos. Nos últimos dias, mais situações graves foram registradas.
Uma delas envolve o processo de uma mulher que alega ter tido a bexiga perfurada durante uma cirurgia, em um possível erro médico, e solicitou indenização ao município e à Fesp. Os pais de uma bebê que faleceu em abril deste ano também entraram com um processo contra a Fesp e o município, alegando que a filha morreu devido à não realização, a tempo, de um exame de raio-X.
Como se isso não bastasse, na semana passada veio à tona a demissão abrupta de um médico plantonista. Com sua saída iminente do município, a Saúde também perderá os serviços de sua noiva, que também é médica e o acompanharia. A Fesp emitiu uma nota alegando que as decisões foram tomadas dentro de um contexto administrativo e que novas contratações já estavam em andamento.
FONTE: MSNORTE