Na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil já conquistou um total de 373 medalhas, sendo 109 delas de ouro, 132 de prata e 132 de bronze.
Em Paris-2024, o país deve superar os 400 pódios paralímpicos, considerada a meta do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) de alcançar entre 70 e 90 medalhas na França.
A primeira medalha brasileira nas Paralimpíadas foi conquistada na edição de Toronto-1976, quando a dupla formada por Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos Costa ficou com a prata na modalidade ‘lawn bowls’, uma espécie de bocha disputada na grama, que fez sua última aparição no programa paralímpico em Atlanta-1996.
A bocha, que estreou nos Jogos na edição de 1984, disputada nas cidades de Stoke Mandeville (Inglaterra) e Nova York (Estados Unidos) -apenas a partir de Seul-1988 a sede das Paralimpíadas passou a ser a mesma das Olimpíadas-, é uma das modalidades em que os brasileiros mais subiram no pódio.
Ao todo, foram 11 medalhas (6 de ouro, 1 de prata e 4 de bronze) paralímpicas do Brasil na bocha, voltada para atletas com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências severas.
A lista de pódios brasileiros nas Paralimpíadas é encabeçada pelo atletismo, com 170 medalhas -48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze.
Vem na sequência a natação, com 125 medalhas (40 de ouro, 39 de prata e 46 de bronze), e o judô, com 25 (5 de ouro, 9 de prata e 11 de bronze).
A bocha é a quarta modalidade que mais rendeu pódios ao Brasil, seguida pelo tênis de mesa (3 pratas e 5 bronzes) e pelo futebol de cegos (5 ouros). Ao todo, são 344 medalhas trazidas pelas seis modalidades mais vitoriosas do Brasil nas Paralimpíadas.
Conheça a seguir as principais regras dos esportes que mais renderam pódios paralímpicos ao país.
ATLETISMO
O atletismo paralímpico é praticado por atletas com deficiência física, visual ou intelectual, com provas nas categorias masculina e feminina de corrida, saltos, lançamentos e arremessos.
Os competidores são divididos em grupos de acordo com o grau de deficiência. A letra T no nome da classe se refere às provas de pista (track) e maratona, e a letra F, às provas de campo (field).
Nas provas de 5.000m, de 10.000m e na maratona, os atletas das classes T11 e T12 podem ser auxiliados por até dois atletas-guia durante o percurso (a troca pode ser feita no decorrer da disputa). No caso de pódio, apenas o atleta-guia que terminar a prova recebe medalha.
Divisão das categorias
T11 a T13 e F11 a F13 – deficiências visuais
T20 e F20 – deficiências intelectuais
T31 a T38 e F31 a F38 – paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes, 35 a 38 para andantes)
T40, T41, F40 e F41 – baixa estatura
T42 a T44 – deficiência nos membros inferiores sem a utilização de prótese
F42 a F44 – deficiência nos membros inferiores
T45 a T47 e F45 a F46 – deficiência nos membros superiores
T51 a T54 e F51 a F57 – competem em cadeiras de rodas
T61 a T64 e F61 a F64 – amputados de membros inferiores com prótese
RR1 a RR3 – deficiência grave de coordenação motora competindo na petra (corrida com apoio em uma espécie de triciclo sem pedais)
NATAÇÃO
Assim como nos Jogos Olímpicos, nas Paralimpíadas são disputadas provas nos quatro estilos -livre, costas, peito e borboleta-, e medley. Estão aptos a participar atletas com deficiência física, visual e intelectual.
Os atletas com menor grau de funcionalidade física podem realizar a largada de dentro da água, em vez de saltar do bloco, ou ter auxílio.
Aqueles com deficiência visual recebem auxílio por meio de um bastão com ponta de espuma que sinaliza a proximidade das bordas para que eles possam realizar a virada ou a chegada ao término da prova.
As classes tem a letra S (swimming) para os nados livre, costas e borboleta, SB (peito) e SM (medley). Os números indicam o grau de comprometimento e/ou funcionalidade -quanto maior o comprometimento, menor o número.
Classes de 1 a 10 – Atletas com limitações físico-motoras
Classes de 11 a 13 – Atletas com deficiência visual
Classe 14 – Atletas com deficiência intelectual
JUDÔ
Competem atletas com deficiência visual -cegos totais ou com baixa visão-, divididos em categorias por peso. A mais leve é até 48 kg na categoria feminina, e até 60 kg na masculina. Já a mais pesada é acima de 70 kg entre as mulheres, e acima de 90 kg entre os homens.
Os judocas paralímpicos também são divididos em duas classes, de acordo com o grau da deficiência visual: J1, para cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância; e J2, para atletas que conseguem definir imagens.
As lutas têm quatro minutos de duração, com decisão pelo ‘golden score’ em caso de empate.
As principais diferenças em relação às Olimpíadas é que o atleta já inicia a luta em contato com o quimono do oponente, com o combate interrompido pelo árbitro quando os lutadores perdem esse contato.
JUVENTUDE
Quarta modalidade mais vitoriosa do Brasil nas Paralimpíadas, consiste em lançar bolas coloridas o mais perto possível de uma bola branca, chamada de jack ou bolim.
Os atletas ficam sentados em cadeiras de rodas e limitados a um espaço demarcado para fazer os arremessos. É permitido usar as mãos, os pés e instrumentos de auxílio (calhas).
No caso de atletas com maior comprometimento dos membros, é permitido o auxílio de ajudantes (calheiros).
Há quatro categorias, conforme o grau da deficiência e da necessidade de auxílio.
BC1 – Opção de auxílio de ajudantes (podem estabilizar ou ajustar a cadeira do jogador e entregar a bola, quando pedido)
BC2 – Não podem receber assistência
BC3 – Deficiências muito severas. Usam instrumento auxiliar e podem receber auxílio de terceiros
BC4 – Outras deficiências severas, mas que não recebem assistência
TÊNIS DE MESA
Destinado a atletas com paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. As disputas são divididas entre mesatenistas andantes e cadeirantes, com jogos individuais, em duplas ou por equipes.
Os atletas são divididos em 11 classes, sendo dez para deficiência física e uma para deficiência intelectual.
A classificação toma como base a mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade para segurar a raquete.
Classes 1 a 5 – Para atletas cadeirantes
Classes 6 a 10 – Para atletas andantes
Classe 11 – Para atletas andantes com deficiência intelectual
FUTEBOL DE CEGOS
Sexta modalidade que mais trouxe medalhas para o Brasil, com cinco ouros consecutivos a partir de Atenas-2004, quando a modalidade passou a fazer parte do programa paralímpico.
É exclusivo para cegos ou deficientes visuais, com exceção do goleiro, que tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa (Federação Internacional de Futebol) nos últimos cinco anos.
São cinco jogadores de cada lado (quatro na linha e o goleiro). Os jogadores de linha usam uma venda nos olhos e, se tocá-la, cometerão uma falta. Cinco faltas levam à expulsão do atleta, que pode ser substituído por outro jogador.
A partida tem dois tempos de 15 minutos, com intervalo de 10 minutos, e costuma ser disputada em gramado sintético, em campos com dimensões do futsal -20m x 40m-, e barreiras laterais que impedem que a bola saia de jogo.
As partidas são silenciosas, em locais sem eco, já que a bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A torcida só pode se manifestar na hora do gol.
O goleiro, o técnico e um guia (chamador), que fica atrás do gol adversário passam orientações de posição e direcionamento.
Fonte: NM