Como queimadas agravadas pela seca severa que atinge o Pantanal, em Mato Grosso do Sulsomadas ainda as recentes inundações na região sul do País, tem levado a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) a fazer um apelo urgente pelo desenvolvimento de um plano emergencial nacional, para o enfrentamento aos desafios imposto pelo clima, e que, cada vez mais vem assolando o setor agropecuário.
O pedido foi destaque no 23º Congresso Brasileiro de Agronegócio (CBA), realizado nessa segunda-feira (5), em São Paulo.
Durante o evento, que reuniu especialistas, produtores rurais e autoridades do setor, a Abag ressaltou que a crise hídrica no Pantanal não é apenas uma preocupação ambiental, mas também um desafio econômico que pode ter impactos devastadores sobre a produção agropecuária e a economia regional e nacional.
Sobre a questão, o presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal-Brasil) e vice-presidente da Abag, Ingo Ploger, reiterou, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, que a criação de um plano se mostrou mais que necessária, principalmente após a catástrofe no Rio Grande do Sul e também a seca e as queimadas em Mato Grosso do Sul.
De acordo com Ploger, MS tem uma vantagem muito grande para a implantação do programa perante as demais unidades federativas do País.
“Passaram-se duas administrações públicas que iniciaram um processo de inovação extraordinário, que é a Parceria Público-Privada (PPP) da Infovia Digital, que está conectando 79 municípios e iluminando 150. Lá (MS) já tem um centro de operações que já começa a operacionalizar isso”, explica.
O vice-presidente da Abag ainda completa relatando que, em média, entre dois e três anos, vai se ter uma resposta de qualidade muito alta para eventos desse tipo (climático).
Ploger esclarece que o Brasil necessita de uma legislação federal que regulamente o plano emergencial estadual e municipal. “As catástrofes sempre estão relacionadas com o gestor, é o presidente da república, é o governador ou é o prefeito. Então em determinadas circunstâncias essas autoridades têm que ter o plano emergencial”, avalia.
Na prática, o vice-presidente da Abag explica que seria necessário a formação de uma brigada excepcional que executaria com mais eficiência esse trabalho.
“Toda essa parte emergencial requer procedimentos específicos com pessoas especializadas, treinadas. São especialidades que o Estado deve desenvolver” afirma.
Ploger conclui enfatizando que a ideia da Abag é trabalhar para que esse programa saia do papel e chegue até as autoridades competentes.
“Apesar de não estar em andamento, nós estimulamos essa discussão com o Rio Grande do Sul, com o Mato Grosso do Sul e fazer duas provocações, uma em termos de Estado e uma em termos de União” finaliza.
Plano
Para enfrentar essa situação, a Abag defende ainda o incentivo ao uso eficiente dos recursos hídricos, o desenvolvimento de tecnologias para a conservação de água e o fortalecimento de políticas públicas que garantam suporte financeiro aos produtores afetados.
O plano emergencial sugerido pela ABAG também prevê a implementação de programas de monitoramento e previsão climática para permitir que os produtores se antecipem aos eventos adversos e tomem medidas preventivas.
Outro ponto crucial é a promoção de práticas agrícolas sustentáveis que possam mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover a resiliência das atividades agropecuárias.
Agenda climática
Para produtores e autoridades do setor agropecuário do País que estiveram presentes em painéis durante o congresso, através da agenda climática e da proliferação do unilateralismo, o Brasil precisa buscar uma coerência narrativa maior no âmbito interno e construir uma coalizão no mercado externo para levar essas discussões a fóruns internacionais.
“Os parâmetros da agricultura temperada não valem para a agricultura tropical, pois são diferentes, então, precisamos expor esse fato em igualdades de condições com países que lideram essas questões”, avaliou o embaixador, sócio da YvY Capital e consultor da Abag, Roberto Azevêdo.
Mesmo diante desse cenário, na visão de Azevêdo, há muitas oportunidades para o agronegócio e muitas possibilidades de alianças com países da América Latina, do continente africano, do continente asiático, mas também com os Estados Unidos, por serem produtores globais de alimentos e por terem as mesmas preocupações, mesmo sendo um forte competidor no setor, pois o objetivo é ter um campo para se competir com igualdade, evitando arbitrariedades.
“Essa seria uma coalizão de peso para se ter uma conversa sobre como seria uma nova ordem internacional, onde o agro seria colocado como uma solução para a questão climática”, afirmou.
Congresso
O 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio – Presencial e On-Line, com o tema Biocompetitividade, foi realizado na segunda-feira (5), pela Abag e pela B3, a bolsa de valores do Brasil.
Na cerimônia de abertura estiveram presentes personalidades públicas como o governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo; e o deputado federal de São Paulo, Arnaldo Jardim.
Entre os debates e palestrante estiveram representantes nacionais do setor como a Diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori; o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Sérgio Bortolozzo; Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag; Gilson Finkelsztain, CEO da B3, dentre vários outros nomes de relevância no segmento.
O moderador dos debates realizados durante o evento foi o jornalista William Waack.
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