Alvo da Operação Fundo no Poço, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (12), o partido Solidariedade tem o presidente nacional como foragido por esquema que segundo investigações desviou R$ 36 milhões do fundo partidário da sigla nas eleições de 2022. Em Mato Grosso do Sul, o Solidariedade enfrenta enfraquecimento político nos últimos anos.
Presidente nacional da legenda, Eurípedes Gomes Júnior é alvo de um dos sete mandados de prisão. Ele ainda não foi encontrado pelos agentes e é considerado foragido.
Segundo as investigações da PF, candidaturas laranjas lançadas nas últimas eleições de 2022, quando foram escolhidos deputados estaduais, federais, senadores e presidente da república, foram usadas para desviar dinheiro do fundo partidário.
Organização criminosa, supostamente liderada pela executiva nacional do partido, teria aberto empresas de fachada para lavar o dinheiro desviado.
Partido Solidariedade em Mato Grosso do Sul
Nos últimos anos, o Solidariedade, que se fundiu com o PROS em fevereiro de 2023, enfrenta enfraquecimento político-partidário. Isso porque em 2020, nas últimas eleições municipais, o partido elegeu apenas 15 nomes em todo o Mato Grosso do Sul para atuar como vereadores. A informação foi dada pelo presidente estadual do Solidariedade à época.
Nas eleições de 2020, segundo os dados abertos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Solidariedade teve um total de 11.494 mil votos em todas as cidades do Estado, o que representou 0,92% do total de votos em todo o Mato Grosso do Sul.
Entre os 15 eleitos em 2020 estava Papy, vereador em Campo Grande. Ele foi presidente estadual do partido por seis anos, mas deixou o Solidariedade em março deste ano. Ele migrou para o PSDB durante a janela partidária.
Além de Papy, se elegeram vereadores pelo partido em Antônio João, Aquidauana, Bonito, dois em Coxim, Dois Irmãos do Buriti, dois em Dourados, Naviraí, Ponta Porã, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde de Mato Grosso e dois em Três Lagoas.
O partido não possui estatística atualiza de quantos dos eleitos permanecem na legenda após a janela partidária de 2024.
Nas últimas eleições, de 2022, o partido não elegeu nenhum parlamentar em Mato Grosso do Sul.
Antes mesmo da saída de Papy, o partido teve mudanças na executiva estadual. Primeiro quem assumiu, em julho de 2023, foi Roberto Parillo e em janeiro deste ano quem assumiu a presidência estadual do Solidariedade foi o advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães.
O Solidariedade ainda não se manifestou a respeito da Operação da Polícia Federal. O Jornal Midiamax tentou contato com a Executiva estadual do partido em Mato Grosso do Sul, mas as ligações não foram atendidas até a publicação deste texto.
Desvios no fundo eleitoral
Segundo a PF, uma organização criminosa atuou nas eleições de 2022 para desviar recursos do fundo partidário que seria destinado ao Solidariedade.
A Federal detalha que as investigações tiveram início a partir de denúncia do então presidente do partido em desfavor de um ex-dirigente suspeito de desviar aproximadamente R$ 36 milhões.
Ao todo, estão sendo cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 45 mandados de busca e apreensão e bloqueio e indisponibilidade de R$ 36 milhões e o sequestro judicial de 33 imóveis.
Segundo a PF, o grupo usou candidaturas laranjas em 2022 em vários estados do Brasil para desviar recursos do fundo partidário. Além disso, o grupo também desviou dinheiro com superfaturamento de serviços de consultoria jurídica e desvio de recursos partidários destinados à FOS (Fundação de Ordem Social) – fundação do partido.
Para dar seguimento ao esquema, o grupo abriu empresas de fachada, comprou imóveis e superfaturou serviços supostamente prestado aos candidatos laranjas.
Os crimes investigados na operação são organização criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, apropriação indébita, falsidade ideológica eleitoral e apropriação de recursos destinados ao financiamento eleitoral.