Com 13 cidades na lista, a ‘Carreta da Saúde’ da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) começa a atender os servidores de segurança pública de Mato Grosso do Sul em novembro.
O projeto, divulgado nesta sexta-feira (25), promete melhorar a saúde física e mental com atendimento exclusivo aos policiais, bombeiros, médicos legistas, agentes de polícia científica, agentes socioeducadores e servidores administrativos, demanda já solicitada há algum tempo pela classe, em vista da morte de vários colegas ocorrida neste ano, vítimas de suicídio.
Com investimento de R$ 9 milhões, a unidade móvel da carreta terá serviços de atendimento médico clínico, odontológico, oftalmológico, audiométrico e psicológico. Para o Governador do Estado, Eduardo Riedel, o projeto é exemplo de respeito com os servidores.
“A Carreta da Saúde é um exemplo de cuidado, carinho, atenção e, principalmente, respeito com o maior ativo que a segurança pública tem no Estado, que é o seu profissional. Todos os profissionais de segurança pública poderão acessar essa carreta nos mais diversos municípios para ter atendimento de saúde, odontológico, auditivo, visão, para que possam ser cuidados. É uma iniciativa inédita e a gente fica muito feliz de poder entregar isso para as forças de segurança porque a gente sabe o resultado que eles têm dado com o Estado”, disse.
Com foco na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul, a carreta iniciará suas operações nas cidades de Dourados, Caracol, Sete Quedas, Porto Murtinho, Corumbá, Japorã, Bela Vista, Antônio João, Mundo Novo, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia e Paranhos.
O motivo da escolha foi estratégica, segundo a Sejusp, para atender aqueles profissionais expostos a condições de trabalho mais adversas, incluindo crimes de contrabando e tráfico de drogas, mais comuns nas regiões da fronteira.
Habilitada para dirigir a carreta, a sargento Marlize Soares Martins, do Corpo de Bombeiros Militar, diz que se sente com dever cumprido. “É uma sensação de dever cumprido”, falou.
Durante a entrega da unidade móvel nesta sexta (25), adquirida por meio de convênio firmado entre Sejusp e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com investimentos do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública), o secretário da Sejusp, Antonio Carlos Videira, prometeu que a carreta irá atender todo o Estado.
“Apresentamos hoje o que tem de mais moderno no mundo, na área de assistência biopsicosocial. Essa carreta vai rodar todo o Mato Grosso do Sul, levando para os nossos policiais o que tem de melhor, não só em equipamento, mas também em assistência. Estarão médicos, dentistas, todos prontos para atender o nosso público”, disse.
A entrega da ‘Carreta da Saúde’ contou com a presença do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Frederico Pouso Sallas e o secretário-adjunto de Justiça e Segurança Pública, coronel Ary Carlos Barbosa, além do delegado-geral da Polícia Civil, Lupérsio Degerone Lúcio e o comandante-geral da PM, coronel Renato dos Anjos Garnes.
Escalas de serviço e a pressão interna dos policiais são fatores preocupantes para a saúde mental do efetivo
Neste ano de 2024, o Jornal Midiamax noticiou a morte de quatro agentes da segurança pública de Mato Grosso do Sul, que tiraram a própria vida. Entre os fatores preocupantes para a saúde mental do efetivo, estão as escalas de serviço e a pressão interna dos policiais militares.
No dia 9 de setembro, um policial militar lotado no 10º BPM (Batalhão da Polícia Militar) foi encontrado morto dentro de casa em um residencial no bairro Pioneiros, em Campo Grande. Meses antes, em abril, um capitão do Batalhão de Choque da PM foi encontrado sem vida em casa e, em menos de 24 horas, um GCM (Guarda Civil Metropolitano) também foi encontrado morto pela esposa.
Outro caso semelhante é o do policial militar do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), Israel Giron Arguelho Carvalho, preso suspeito de estuprar uma frentista na saída de seu trabalho, que foi encontrado morto em outubro de 2023.
Além dos problemas pessoais que os agentes sul-mato-grossenses enfrentam, na vida profissional precisam encarar problemas internos da corporação, segundo o Cabo PM Benites, presidente da Aspra MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul) relatou ao Jornal Midiamax.
“Escalas de serviço, pressão interna por maior e melhores resultados, isso sem falar do excesso de controle externo, da própria sociedade ou dos órgãos do judiciário que a todo momento questionam as ações e resultados dos trabalhos da Polícia, principalmente”, opinou.
O militar ainda comentou que é difícil determinar o que leva uma pessoa a buscar o resultado que o Estado presenciou em abril deste ano, mas reforça que o ideal é começar pela valorização dos policiais militares.
“O que podemos fazer é buscar soluções institucionais, para minimizar os riscos de que novos episódios se repitam. E isso começa pela valorização destes militares. Seja através de bons salários, através da atualização de suas promoções, do reconhecimento do seu trabalho, através da consagração de medalhas de honra”, explica.