O assédio é uma violência que impacta profundamente a vida das vítimas, independentemente do local em que ocorre. No Brasil, essa realidade é amplamente vivenciada em transportes públicos e por aplicativo.
Segundo a psicóloga Renata Viegas, o impacto psicológico de ser assediada é significativo e pode acarretar problemas como ansiedade, estresse pós-traumático, baixa autoestima e dificuldades na vida cotidiana.
“Assédio é assédio. Não importa onde aconteça, ele deixa marcas que afetam a qualidade de vida das mulheres, que não podem nem usar um transporte com tranquilidade, sem o medo de serem vítimas em algum momento”, explica Renata.
O medo da impunidade e a cultura que frequentemente culpabiliza as vítimas também dificultam a busca por justiça.
Renata ressalta que, em uma sociedade enraizada no patriarcado, as mulheres enfrentam desafios históricos para romper o ciclo de violência e opressão.
“Vivemos em uma cultura que historicamente atribui valores diferentes para cada gênero, e a mulher é ensinada a ser submissa, normalizando opressões. Apesar disso, avanços já foram conquistados, e precisamos nos apoiar neles para encorajar mais mulheres e melhorar esse sistema”.
Muitas pessoas pensam que para ser definido como assédio é preciso algum tipo de ato físico. No entanto, a psicóloga destaca que assédio é qualquer ato ou conduta que consideramos abusiva.
“Então palavras, gestos, insinuações e até escritas que violem as mulheres de alguma forma, são e devem ser considerados tipos de assédios”.
O que fazer ao sofrer assédio?
Diante dessa realidade, é importante saber como agir em situações de assédio. Veja algumas orientações:
1. Denuncie imediatamente
Se estiver em um transporte público, procure o condutor ou responsável pelo veículo e relate o ocorrido.
Desde o início de 2024, foi aprovada a Lei 7.224/24 em Campo Grande. Com isso, funcionários do transporte público devem acionar imediatamente a polícia ao presenciar situações de importunação sexual, abuso ou violência contra a mulher.
Além disso, as empresas que têm acesso ao sistema de transporte público deve disponibilizar a pedido das vítimas, as imagens gravadas através das câmeras de segurança instaladas no interior dos veículos.
Em transportes por aplicativo, utilize o sistema da própria plataforma para fazer a denúncia.
Os aplicativos de corrida implementaram uma série de recursos para aumentar a segurança dos passageiros, como a possibilidade de compartilhar a localização da viagem em tempo real com amigos ou familiares, gravação de áudio durante a corrida e a opção de reportar incidentes diretamente na plataforma.
Registre o caso na delegacia de polícia ou em delegacias especializadas no atendimento à mulher, como a Casa da Mulher Brasileira.
2. Busque testemunhas
Sempre que possível, identifique pessoas ao seu redor que possam confirmar o ocorrido. Testemunhas são importantes para dar credibilidade ao relato.
3. Registre provas
Fotografias, áudios ou anotações detalhadas do incidente, como horário, local e características do agressor, podem ser fundamentais em uma investigação ou denúncia.
4. Procure apoio emocional
O impacto psicológico do assédio pode ser devastador. Conversar com amigos, familiares ou buscar ajuda profissional pode ajudar a lidar com as consequências emocionais.
5. Conheça seus direitos
A legislação brasileira tipifica o assédio sexual como crime. No caso de transportes públicos, a lei prevê punições específicas, como multas e medidas administrativas para os agressores.
6. Apoie-se na rede de mulheres
Renata Viegas destaca a importância da união feminina. Movimentos, coletivos e redes de apoio oferecem suporte às vítimas e trabalham para conscientizar a sociedade sobre a gravidade do assédio.
“Precisamos nos informar e nos apoiar mutuamente, reconhecendo os avanços e lutando por mais conquistas”, afirma.
Um problema estrutural
Além das orientações individuais, a psicóloga reforça que o combate ao assédio exige mudanças culturais e estruturais.
A educação e a conscientização são essenciais para desnaturalizar comportamentos abusivos e promover uma sociedade mais segura e justa para todas as mulheres.
Se você foi vítima de assédio ou conhece alguém que está enfrentando essa situação, procure ajuda e denuncie.