Conforme dados do Índice FipeZap, comparado a 2022, a perda percentual foi 1,72%
Apesar de apresentar valorização de 0,41% no mês de março deste ano, Campo Grande registra o menor desempenho para o segmento em três anos. De acordo com dados do Relatório da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a perda porcentual comparada a 2022 foi de 1,72%, quando o aumento para o mês ficou em 2,13%.
Ainda segundo o relatório em 2023 a valorização foi de 1,69%. O preço médio do metro quadrado custa R$ 5.946 na capital sul-mato-grossense, enquanto o índice médio nacional ficou em R$ 8.845 por metro quadrado.
Comparado ao mês de fevereiro o índice apresentou desvalorização de 0,02 pontos percentuais (p.p) para imóveis residências na Capital, uma vez que no mês de número dois o percentual ficou em 0,43%. Para o primeiro trimestre a variação fechou em 0,70% e anual em um aumento de 7,87%.
Ao avaliar o panorama o economista Eduardo Matos destaca que a desaceleração na valorização dos imóveis, no mercado imobiliário de modo geral, é uma tendência global. “ O mercado imobiliário não chega a estar estagnado, mas sofre uma desaceleração em seu crescimento nos últimos meses e isso provoca uma diminuição na demanda, que por sua vez, para atrair mais compradores, tende a segurar a expansão dos preços”, pontua.
Matos ainda destaca que em um segundo momento, também, há a questão da taxa de juros, que embora apresente reduções seguidas nos últimos meses, vindos desde a segunda metade do ano passado, ainda está em um patamar elevado para uma economia estável.
Para o mestre em economia Lucas Mikael a desaceleração pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o panorama econômica global. “A possível saturação do mercado local e o impacto das taxas de juros mais altas no custo de financiamento também são questões”, afirma.
Mikael reforça que as taxas de juros mais altas tendem a encarecer o financiamento imobiliário e reduzir a capacidade de compra dos consumidores, o que pode desacelerar a demanda por imóveis.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Mato Grosso do Sul (Creci- MS), Eli Rodrigues, acrescenta que a produção pode ter sido maior que a demanda no período. “O fato das taxas de juros ainda estarem acima do desejado, faz com que alguns clientes demorem mais para fecharem as suas compras, pois estão esperando a propagada baixa dos juros para finalizar a negociação”, conclui.
REGIÕES
Ainda segundo os dados do relatório, a região campo-grandense mais valorizada é a do Prosa, com preço médio de R$ R$ 8.494 /m² no primeiro mês do ano acumulando variação positiva de 10,1% em 12 meses. O Centro aparece com o metro quadrado custando, em média, R$ 5.798/m² (6,5%). No mês de março a região do Bandeira está em terceiro lugar com valor médio é de R$ 5.619 /m² (15,1%).
No terceiro mês do ano a região do Segredo apresenta desvalorização onde o valor médio do metro quadrado ficou em R$ 4.249 /m² e queda de 1,3%. A área conhecida como Lagoa apresentou aumento de 12,7% e preço do metro quadrado comercializado fechou em R$ 3.818.
A região do Anhanduizinho, foi a mais valorizada em março deste ano com o metro quadrado valendo, em média, R$ 3.404 (21,1%). Enquanto na área do Imbirussu o valor médio apresentado foi de R$ 3.204 /m², aumento de 3,4%.
A presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis-MS) Luciana de Almeida reforça que atualmente Campo Grande é uma das 50 cidades brasileiras mais caras para se morar. “Quando se analisa o valor do metro quadrado de imóveis as construções residenciais têm se destacado e resulta na ocupação de grandes áreas e na valorização de toda região que engloba. A região do Prosa é a que mais valoriza”, enfatiza.
PROJEÇÕES
Para 2024, mesmo com valorização acima do esperado neste início de ano, representantes do segmento imobiliário no Estado fazem projeções positivas. De acordo com eles a atualização do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) deve aquecer o segmento ainda neste semestre, motivado ainda pelos cortes sucessivos na taxa básica de juros do País, a Selic, que se encontra em 10,75%, menor nível em dois anos.
“Com a tendência de queda de juros, vai depender do crescimento econômico, que no nosso Estado está baseado no agronegócio e os serviços ligados à cadeia agroindustrial”, pontua o doutor em economia Michel Constantino.
“A queda de juros pelo Banco Central deverá elevar as vendas para a classe média. A categoria de imóveis mais valorizados dependerão muito da performance do agronegócio nas próximas safras”, analisa o representante da Secovi no Estado.
A presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis-MS), Luciana de Almeida, pontua que para vislumbrar o mercado imobiliário em 2024, é preciso lembrar que em 2023 ocorreu o início de um novo governo, a queda da Selic e a retomada do Minha Casa, Minha Vida.
“Esperamos que com a recente queda da taxa Selic, o Banco Central flexibilize um pouco sua política monetária para estimular positivamente o mercado imobiliário”.