O juiz Fernando Moreira Freitas da Silva prorrogou por mais seis meses o uso da tornozeleira eletrônica para o vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB). O tucano é réu por corrupção em Sidrolândia e o magistrado ressaltou o fato de que o esquema comandado pelo parlamentar causou muitos prejuízos à sociedade.
Então, o juiz destacou: “Verificou-se, à primeira vista, que o cometimento dos crimes queviolaram o caráter competitivo de inúmeros processos licitatórios, aliado aodesvio de dinheiro público, face à não prestação ou não entrega dos produtoscontratados, causou vultuoso dano ao erário, a resultar, necessariamente, emprejuízo de toda a sociedade”, diz trecho da decisão.
Pesou ainda o fato de que, mesmo com a primeira deflagração da Operação Tromper, que revelou o escândalo de desvio de dinheiro no município o qual Serra era secretário de Fazenda e a sogra, Vanda Camila, a prefeita, os crimes continuaram.
Na tentativa de se livrar do monitoramento eletrônico, Claudinho chegou a apelar que possui emprego lícito de vereador, o qual não exerce desde o dia 2 de abril. Depois disso, ficou 23 dias preso. Ao sair, entrou com licença remunerada de 120 dias e, por fim, vem apresentando atestados médicos seguidos para não comparecer à Câmara Municipal.
Recentemente, o empresário e advogado Milton Matheus Paiva se livrou da tornozeleira. A retirada da medida ocorreu após o investigado firmar acordo de delação premiada com a Justiça.
Dependência de cargos políticos
No processo, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) havia se manifestado contra a retirada do equipamento e citou que o tucano vive uma dependência de cargos políticos.
Hoje réu por corrupção, sempre atuou diretamente com a cúpula do PSDB com o ex-governador Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, conforme consta em sua própria biografia: “Em 2016, foi convidado pelo então governador Reinaldo Azambuja para ser um dos coordenadores de campanha dos candidatos do PSDB nos municípios. Também atuou no Governo do Estado, especificamente nos assuntos políticos de Campo Grande, diretamente com o secretário de Articulação Política, Sérgio de Paula”.
Disputou a primeira – e única – eleição em 2020, quando obteve modestos 3.616 votos, ficando só com a 2ª suplência do PSDB. Só assumiu o mandato como vereador após uma sequência de situações. A primeira, com o titular do mandato, João Cesar Mattogrosso, assumindo cargo no governo do Estado. Assim, o 1º suplente, Ademir Santana, foi chamado. Depois, o vereador João Rocha assumiu também um cargo no governo. Então, Claudinho assumiu como suplente em maio de 2023.
Por fim, conseguiu o mandato em definitivo quando Ademir Santana renunciou ao cargo alegando que deixava a vaga para a qual foi eleito para se dedicar à campanha eleitoral do PSDB. Ademir renunciou e entregou a vaga para Claudinho um mês antes da deflagração da Operação Tromper.