A delação do ex-servidor Thiago Basso da Silva trouxe à tona os detalhes de um suposto esquema de corrupção envolvendo a Prefeitura de Sidrolândia, localizada a 70 km da capital. O esquema seria liderado pelo vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), que na época atuava como secretário municipal. Entre as práticas reveladas por Thiago, estão o pagamento duplicado por produtos ou serviços, a cobrança de uma “mesada” de 10% de empresários e a utilização de contratos para beneficiar interesses pessoais.
Thiago Basso da Silva foi detido na segunda fase da Operação Tromper. Seu acordo de delação premiada, homologado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), desencadeou novos desdobramentos na investigação.
Durante um depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Thiago Basso da Silva revelou como Claudinho Serra, então secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica, exigia uma “comissão” de 10% dos empresários que venciam licitações milionárias em Sidrolândia.
“Cláudio Serra cobrava uma porcentagem de 10% das empresas com grandes contratos com o município. Por exemplo, se uma empresa recebia R$ 30 mil, eu tinha que cobrar R$ 3 mil dela como comissão para nós”, declarou Silva em sua delação.
Silva, ex-chefe do setor de licitações, explicou que ele mesmo se encarregava de contatar os diretores das empresas. Para contratos maiores, como obras de pavimentação, as negociações aconteciam diretamente no gabinete de Claudinho Serra.
O assessor de Serra, Carmo Name Júnior, era o responsável por coletar os valores de empresas com contratos mais vultosos. “Empresas que ganhavam licitações de obras, asfalto, tratavam diretamente com ele. Carmo Name muitas vezes ia buscar o dinheiro. No início, aprendi com ele, fui em algumas operações para coletar o dinheiro quando os valores eram maiores”, detalhou Silva.
Silva também mencionou a emissão mensal de cerca de R$ 100 mil em notas frias, que não correspondiam aos serviços prestados. Aproximadamente 60% desse valor era emitido pela empresa de Ricardo Rocamora.
“Havia uma tabela que Cláudio me passou, indicando que 60% das notas deveriam ser emitidas para Rocamora, 30% para Marcondes e 10% para a 3M, de Milton Matheus. O objetivo deles era gerar valores, não importava se o papel higiênico fosse entregue por R$ 3, porque, na verdade, não seria entregue”, finalizou Silva.