A chuva e a alta umidade zeraram os focos de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira (9), segundo o Corpo de Bombeiros. Entretanto, o fogo subterrâneo, chamado de turfa, ainda é uma preocupação entre os brigadistas, que seguem em atenção ao combate no bioma.
Conforme os dados dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), não há focos de incêndio em Mato Grosso do Sul. No Pantanal de Mato Grosso, três pontos de calor seguem ativos. Neste ano, em todo o bioma, quase 1,5 milhão de hectares foram consumidos pelas chamas.
Uma frente fria chegou a Mato Grosso do Sul no fim desta quinta-feira (8). A temperatura caiu 20ºC de quarta (7) para sexta-feira (9) na região do Pantanal. Nesta sexta, os termômetros devem ficar entre 13ºC e 16ºC. A umidade relativa do ar está em 60%.
Nas últimas 24h, os acumulados de chuva nas cidades pantaneiras mais afetadas pelo fogo foram de:
- Aquidauana: 39,6 mm;
- Miranda: 13,2 mm;
- Corumbá: 25,4 mm.
Nos próximos dias, as temperaturas poderão despencar ainda mais, com mínima esperada de até 5ºC no sul de Mato Grosso do Sul. Além das baixas temperaturas, os ventos também devem intensificar, com velocidades entre 40 km/h e 60 km/h, podendo registrar rajadas superiores a 60 km/h.
Embora as chuvas recentes no Pantanal tragam um alívio temporário, a situação não garante a extinção completa do fogo, como afirmou o especialista em geoprocessamento da Operação Pantanal Sul, Paulo Simeoni.
“A presença de nuvens pode prejudicar a detecção de focos de calor por satélites, mascarando a real extensão dos incêndios. Além disso, o fogo pode persistir em camadas mais profundas do solo, como a turfa, reacendendo em condições climáticas favoráveis”, afirma Simeoni.
Fogo de turfa
Vento forma redemoinho de fuligem e fumaça assusta moradores no Pantanal
Com os últimos incêndios que afetaram a região de Miranda e Aquidauana, onde um redemoinho de faíscas foi registrado, os bombeiros e brigadistas seguem o trabalho de rescaldo nas áreas queimadas.
“A gente está sem foco ativo. Mas não retroagimos o combate. Existem situações que estamos ainda em combate, no rescaldo. Mesmo com precipitação, o solo tem brasas. Precisamos monitorar e fazer o rescaldo dessas áreas”, explica tenente-coronel Tatiane Ioune.
Após a chuva, um desafio que fica mais intenso para os brigadistas é o combate ao fogo de turfa, um dos incêndios florestais mais complexos. Veja o vídeo abaixo:
A turfa é um tipo de material orgânico resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, tornando-se altamente inflamável. Essa matéria orgânica possui várias camadas sob o solo do Pantanal.
O biólogo e diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, explica que devido aos períodos de cheia e seca, o Pantanal acaba acumulando camadas de matéria orgânica que concentra uma espécie de fogo subterrâneo.
“O que acontece, durante os períodos de secas e cheias nas estações da região, vão se criando camadas de matéria orgânica no solo. Imagina toda essa matéria acumulada ao longo de vários anos, é o ambiente propício para focos de incêndios. É uma característica do Pantanal que dificulta o combate aos incêndios, daí surge o fogo de turfa ou “fogo subterrâneo”, que queima sem que as pessoas percebam, nas camadas mais profundas de toda essa matéria orgânica”, explica Gustavo Figueirôa.
Fonte: g1/ML