Ao contrário do que a candidata Adriane Lopes (PP) disse no Debate Midiamaxé inverídica a informação de que Campo Grande está há 20 anos sem leitos novos. No confronto com Rose Modesto (União Brasil), a candidata do PP disse que “os últimos leitos construídos na nossa cidade faz 20 anos” (confira trecho abaixo).
A fala foi apontada como notícias falsas pela equipe jurídica da candidata do União Brasil. Assim, como previsto na ata do Debate Midiamax — disponibilizada para ambas as equipes das candidatas — a checagem de fatos foi feita pelo Núcleo de Jornalismo Investigativo e Transparência do Jornal Midiamax.
Conforme a apuração de dados oficiais disponíveis e consulta ativa às fontes checáveis de dados públicos, a denúncia feita pela assessoria jurídica de Rose Modesto é procedente. Desta forma, a fala da candidata Adriane Lopes (PP) sobre Campo Grande não ter leitos novos nos últimos 20 anos é inverídica.
Com a pandemia da Covid, Campo Grande recebeu ampliação de leitos para atendimento da população. Um dos casos de inauguração aconteceu no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossianda Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Em julho de 2020, o Governo do Estado abriu 10 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na unidade.
Falta de assinatura da Prefeitura impede novos leitos pediátricos, diz Santa Casa
Por volta de abril, a prefeitura de Campo Grande anunciou que abriria novos leitos pediátricos na Santa Casa. Um mês depois, nenhum novo leito foi entregue pelo município.
Em maio, a Sesau afirmou ao Jornal Midiamax que ainda estava em tratativas, enquanto o hospital diz que aguarda assinatura de aditivo ao contrato.
Na época, a coordenadora médica da Linha da Saúde da Criança da Santa Casa de Campo Grande, Dra. Paola Stella, explica que o fator crucial que ainda está pendente é a assinatura do termo aditivo contratual por parte da Secretaria de Saúde, ou seja, por parte da Prefeitura.
“Em relação aos leitos a serem abertos para disponibilidade aos pacientes pediátricos, a Santa Casa dispõe de todo o pessoal assistencial, espaço físico e equipamentos, à exceção dos berços, o que já foi comunicado para a SESAU, solicitando parceria neste equipamento, como foi no ano passado”, afirma.
Faltam leitos para crianças em Campo Grande
Segundo Adriane Lopes, como Campo Grande não teria mais leitos para serem contratados pela Prefeitura, restou como opção a construção de um hospital que será entregue para gestão por uma empresa particular.
Há anos o Jornal Midiamax noticia a falta de leitos e demora no atendimento nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em Campo Grande, assim como a demora na transferência de pessoas para leitos de internação em hospitais.
A demora no atendimento expõe servidores públicos e funcionários dos postos, como neste caso em que um deles acabou agredido pela mãe de uma criança. Na ocasião, a Sesau pediu ‘mais paciência’.
Ainda no mês passado, pessoas que aguardavam na UPA Leblon estavam sem ar-condicionado, em um dos picos de calor enfrentados pela cidade.
Ou até mesmo a demora na espera, que por muitas vezes passa de 4 horas, com escala reduzida em relação à divulgada pela administração municipal.
O Hospital Municipal de Campo Grande teve a construção anunciada neste ano, com aproximadamente 15 mil metros quadrados de área construída e com previsão de funcionar no início da Rua Augusto Antônio Mira, no bairro Chácara Cachoeira.
Serão 259 leitos, sendo 49 de pronto-atendimento, 20 leitos CTI (10 pediátricos e 10 adultos) e 190 leitos de enfermaria (60 pediátricos, 60 adultos para homens e 70 leitos para mulheres).
Além disso, o HMCG terá 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica e adulta. Dentre as salas serão 10 de cirurgia e 53 consultórios.
Em fevereiro deste ano, a prefeitura divulgou a contratação da empresa HB Treinamentos Ltda para consultoria especializada, com objetivo de indicar soluções para a construção do “complexo hospitalar em âmbito municipal”. A contratação foi por expertise, sem licitação, no valor de R$ 212,5 mil.
Assessoria de Adriane disse que fala era ‘só sobre o HRMS’
Em espaço igualitário, o Jornal Midiamax acionou a equipe de campanha da candidata Adriane Lopes (PP) para posicionamento sobre a fala. O espaço foi aberto para esclarecimentos e envio de documentos comprobatórios sobre as denúncias feitas pela assessoria jurídica da concorrente.
Então, a equipe de Adriane disse que a fala sobre os leitos é apenas sobre o HRMS. “A citação feita pela prefeita é referente a construção do Hospital Regional Maria Aparecida Pedrossian (HRMS), entregue há 27 anos. Hoje, a unidade conta com 377 leitos. É a maior entrega de leitos realizada ao serviço público desde então”.
Contudo, a candidata do PP não faz a pontuação durante o debate. Por fim, a assessoria afirmou que as “pactuações com serviços filantrópicos ou privados não são mencionadas”.