“Há um ano vocês partiram, meninas“. Assim os familiares da mãe e suas 3 filhas que foram assassinadas – no caso conhecido como Chacina de Sorriso – prestaram uma homenagem nas redes sociais às vítimas neste domingo (24). A data marca exato 1 ano da tragédia que tirou a vida da família.
Cleci Calvi Cardosode 45 anos, e suas filhas Miliane Calvi Cardoso19 anos, Manuela Calvi Cardoso13 anos e Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos, foram mortas dentro de casa, no Bairro Florais da Mata, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá.
Gilberto Rodrigues, confessou ter matado as vítimas na madrugada do dia 24 de novembro de 2023. Ele tinha um mandado de prisão em aberto por latrocínio (roubo seguido de morte), mas estava solto. À polícia, ele contou que trabalhava em uma obra ao lado da residência da família e planejou as mortes para cometer estupros.
Sem vídeo, não divulgado perfil de Regivaldo Batista – marido de Cleci e pai das três meninas – a avó, irmãs, tias e uma sobrinha falam sobre a dor da saudade um ano após o crime. “A saudade de vocês é constante. Tiraram vocês de nós, que eram nossa alegria. Hoje, não estão mais aqui“. Veja o vídeo abaixo:
Mente assassina
A ficha criminal de Gilberto começa no ano de 2013 quando ele foi condenado em Mineiros-Go, a 425 km da capital Goiânia, por ter matado o jornalista Osni Mendes.
O crime aconteceu a noite do dia 21 de dezembro de 2012. Segundo o inquérito policial, Gilberto teria saído com Osni no carro, quando Osni teria manifestado interesse em se relacionar com ele. De acordo com o depoimento do acusado, a proposta sexual teria sido o motivo do crime.
Após isso, Gilberto pegou a própria camiseta e enforcou o jornalista que já se encontrava inconsciente por ter sofrido agressões. Gilberto abandonou o corpo em uma rodovia local e fugiu com o carro da vítima indo se esconder na chácara de um amigo. Mas acabou sendo preso.
Por esse crime, Gilberto ficou preso por cerca de 7 meses. O advogado dele pediu a revogação da prisão, alegando que algumas diligências não haviam sido cumpridas pela polícia, e ele foi liberado pela Justiça.
Depois, o Ministério Público ofereceu denúncia e a Justiça acolheu, no entanto, Gilberto ainda não passou por julgamento. O novo mandado de prisão foi expedido em 24 de janeiro de 2018.
A perícia médica realizada no corpo do jornalista Osni Mendes mostrou que ele teria sido vítima de espancamento, apresentando traumatismo crânio encefálico e sinais de estrangulamento.
Requintes de crueldade
Aos policiais, ele disse que depois de esfaquear as vítimas – enquanto ainda estavam agonizando – cometeu abuso sexual contra a mãe e duas filhas. A mãe e a filha mais velha foram encontradas mortas no corredor do imóvel. As outras filhas, de 13 e 10 anos, em um dos quartos.
O acusado pelas mortes estava trabalhando como pedreiro em uma obra ao lado da residência onde o crime ocorreu. Conforme o delegado Bruno França, ele morava no local e planejou o ataque.
“Na casa havia cães de grande porte, bravos, cerca elétrica, e mesmo com toda segurança, o intento criminoso dele era tamanho que ele conseguiu superar tudo isso. A cena dentro da casa era chocante e não deixava dúvidas de que era um crime com intenção sexual, cometido por alguém que não conhecia as vítimas”.
O pai das meninas e esposo de Cleici trabalha como caminhoneiro e estava em Cascavel (PR), quando o crime ocorreu.
Indenização
A defesa da família pede na Justiça indenização contra do Estado de Mato Grosso. O valor é de R$ 40 milhões, sendo R$ 20 milhões para o viúvo e pai das meninas, Regivaldo Batista, de 46 anos, e R$ 20 milhões para a mãe de Cleci Calvi Cardoso que foi vítima da chacina junto com as filhas.
Segundo o advogado da família, Conrado Pavelski Neto, a expectativa é que a justiça seja feita, mesmo entendendo que nenhum valor é capaz de quantificar uma vida.
“A expectativa é que o Estado seja penalizado e que ações preventivas aconteçam para que situações como a que ocorreu em Sorriso, não se repitam”, falou.
Atualmente, o réu confesso ainda não possui data marcada para o júri popular. Ele foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de homicídio, estupro e estupro de vulnerável, e agora aguarda o julgamento. Ele está preso na PCE (Penitenciária Central do Estado).