O laudo necroscópico que vai determinar de fato a causa da morte do recruta Vinícius Ibanez Riquelme, de 19 anos, no dia 27 de abril após treinamento em Bela Vista, cidade a 324 km de Campo Grande, sai em 30 dias, porém na certidão de óbito do militar consta que houve exaustão em exercícios físicos rigorosos.
A certidão detalha que o rapaz morreu por choque, necrose centrolobular, distúrbio hidroeletrolítico, desidratação, síndrome infecciosa e realização de exercícios físicos rigorosos.
“Até o momento não há nenhuma prova de que Vinícius estivesse com influenza, nem que essa teria sido causa para sua morte”, afirma o advogado que representa a mãe de Vinícius, Fernando Lopes de Araújo.
Conforme as causas, choque é quando o fluxo sanguíneo está baixo e reduz o fornecimento de oxigênio para os órgãos. Necrose centrolobular é a necrose do fígado, consequência de anemia aguda, e distúrbio hidroeletrolítico é quando a pessoa perde muito líquido corporal, e leva a desidratação.
Vinicius passou por treinamento entre os dias 22 e 26 de abril. No último dia, os soldados voltaram em marcha, a pé, quando o recruta não suportou e caiu ao chão desmaiado.
Ele foi levado para a ambulância e depois para a enfermaria do quartel, onde ficou por 4 horas até ser transferido para o hospital local São Vicente de Paulo.
O hospital solicitou ‘Vaga zero’ para Campo Grande e às 19h30 daquele dia ele foi encaminhado para a Santa Casa da Capital, onde morreu às 6h45 do dia seguinte.
“Eles foram forçados a comer alho e cebola com casca, ficaram durante horas expostos ao sol quente sem beber água, não foi autorizado atendimento no local do treinamento aos recrutas que estavam se sentindo mal, ou seja, houve omissão por parte dos responsáveis”, informou o advogado.
Outros recrutas apresentaram febres e dores no corpo durante o treinamento, mas não teriam sido medicados, nem levados para serem avaliados.
Diante da situação, a defesa diz que aguarda o laudo necroscópico que tem até 30 dias para ficar pronto e com ele em mãos pretende tomar as medidas necessárias. “Iremos requerer ao Ministério Público que promova ação penal contra os responsáveis e ajuizar ação de indenização contra a União Federal”.
Treinamento e morte
A família de Vinícius denunciou que a morte ocorreu por um possível quadro de ‘desidratação’ e ‘esforços exaustivos durante os exercícios físicos’, realizados em uma manobra militar. O treinamento ocorreu em meio a onda de calor já anunciada antecipadamente pela meteorologia.
Vinicius foi submetido à realização de atividades físicas durante um treinamento de campo com o grupo do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande. De acordo com informações, grave estado de desidratação teria afetado os rins dele. O soldado morreu na manhã de sábado (27) na Santa Casa da Capital.
“Não acredito que entreguei meu filho vivo para o Exército e recebo ele dentro de um caixão. Não é justo, quero justiça, isso não pode ficar impune! O Vini era um menino muito educado, meu companheiro, minha vida, e agora como fica minha vida?”, disse Mariza, mãe de Vinícius.
Vacinação após morte
Devido à morte do soldado após treinamento exaustivo e confirmações de alguns casos de infecções virais, o Exército decidiu aplicar vacinas contra a Influenza para todo o efetivo do 10º Regimento.
No que se refere às denúncias de possíveis excessos durante o treinamento que acabou na morte do recruta Vinícius, a 4ª Brigada afirma que foi aberto um procedimento administrativo para investigar.
“Foi aberto um procedimento administrativo para investigar sua possível ocorrência por parte de militares envolvidos no treinamento”, diz em nota.
Ainda, lamenta a morte do soldado, afirmando que foi aberto inquérito policial para apurar as circunstâncias e somente após a conclusão do mesmo serão apresentadas as causas do óbito.