Uma reunião do Recupera Rural RS, programa organizado pela Embrapa, reuniu pesquisadores e técnicos extensionistas para discutir os impactos das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e as consequências ao setor ervateiro.
As discussões tiveram como foco as perdas na produção de erva-mate, a recuperação de áreas afetadas e a necessidade de ações conjuntas para minimizar os danos. A reunião foi realizada durante o 3º Seminário Erva-mate XXI, organizado pela Embrapa Florestas, em Curitiba (PR).
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Durante a reunião, foi apresentado o relatório de danos elaborado pela Emater-RS/Ascar para todo o Rio Grande do Sul. A perda de solo das encostas e assoreamento dos rios foram indicados como os maiores problemas, além da deposição de sedimentos sobre áreas de colheitas agrícolas. Já pecuáriahá relatos de perdas de milhares de animais.
No caso da erva-mate, cerca de 200 hectares foram afetados diretamente, com perdas de plantas por deslizamento de terras. Outro problema foi a queda de folhas por conta dos alagamentos.
Em relação ao solo, as enxurradas erodiram parte dos horizontes superficiais, justamente os que contém a maior proporção de fertilidade. Além disso, o escoamento da erva-mate colhida tem sido prejudicada pela destruição de estradas vicinais ainda não reconstruídas, impactando as colheitas que estão sendo realizadas.
Alguns problemas indiretos também afetam a cadeia ervateira, como a redução drástica de mão de obra, uma vez que houve migração de trabalhadores para regiões não afetadas. A perda de mercado é outro aspecto mencionado na reunião: é no Vale do Taquari, região fortemente afetada pelas enchentes, que estão muitos dos compradores da erva-mate produzida nos polos ervateiros.
Além disso, o próprio mercado consumidor da região metropolitana de Porto Alegre apresenta redução no consumo e estes fatores preocupam o setor ervateiro.
“Tivemos, sim, áreas de produção onde houve deslizamento de terra em encostas, mas com impacto menor quando comparado a outras culturas”, explica Antônio Borba, extensionista da Emater-RS/Ascar.
“No entanto, boa parte da produção ia para revendedores estabelecidos na região mais afetadas, e estas não estão conseguindo absorver a produção”, explica. Borba ainda salientou a necessidade de valorizar o planejamento de microbacias e o uso de instrumentos de gestão como o Zoneamento Ecológico e Econômico e os Comitês de Bacias.
A necessidade de investimento para a recuperação da vegetação nativa e das áreas de preservação permanente também foi apontada como um ponto crucial. Os participantes da reunião concordaram que a recuperação das áreas afetadas requer ações coordenadas e investimentos em longo prazo.
“A Embrapa está à disposição para auxiliar os técnicos e produtores com pesquisas, informações e tecnologias para a recuperação do solo e da vegetação”, enfatizou Edina Moresco, Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Florestas. “O programa Recupera Rural RS é uma iniciativa que visa congregar ações para que possamos rapidamente fornecer soluções ao Rio Grande do Sul”, explica.
A necessidade de ações para a recuperação das matas ciliares e áreas de preservação permanente também foi destacada, com o intuito de evitar novos desastres e proteger as áreas de produção.
A reunião contou com a participação de aproximadamente 20 pessoas, entre elas, representantes da Emater-RS/Ascar, Embrapa Florestas, Embrapa Clima Temperado e o IDR Paraná.