Centenas de pessoas se reuniram neste sábado (22) sob o porto de Corumbá para a celebração do São João, alheios ao fogo que arrasava o Pantanal, na outra margem do Rio Paraguai. O contraste entre a tragédia ambiental e a diversão gerou críticas nas redes sociais.
A cena chocante ocorreu durante o tradicional Arraial do Banho de São João, realizada entre sexta (21) e domingo (23). O evento anual recebeu críticas por acontecer mesmo com os fortes incêndios que destroem o bioma há semanas.
O Pantanal registrou um número recorde de incêndios florestais neste mês de junho, batendo um recorde que não ocorrida há quase 20 anos. Os grandes focos surgiram antes mesmo do início da estação seca.
Desde 1º de junho, cerca de 1.729 focos de incêndio foram identificados por satélite no bioma, segundo números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número é quase quatro vezes superior ao recorde anterior para o mês de junho, de 435 focos em 2005.
Concentrando a maior parte do bioma no Estado, Corumbá também é a mais afetada pelos incêndios. Ao todo, 1.291 focos ocorrem no município. Com tantas chamas pelo território, a população tem sofrido com a fumaça que se espalha pela cidade.
Além da fumaça, os incêndios têm chegado cada vez mais perto da cidade. Por imagens aéreas, é possível ver o fogo se alastrando nos arredores de Corumbá.
O contraste foi ainda maior neste sábado, durante a tradicional festa de São João. Com o tema “A Fé do Nosso Povo é Patrimônio do Brasil”, o evento é realizado pela prefeitura de Corumbá e conta com diversas atrações e shows de artistas locais.
O palco foi montado no Porto Geral da cidade, às margens do Rio Paraguai, com o evento ocorrendo normalmente enquanto que, do outro lado do rio, o fogo era visto a distância. A cena repercutiu e gerou polêmica, com diversas críticas na internet.
“Cambada de gente sem caráter. Foi a festa mais vergonhosa que já vi na história. Parabéns aos governantes de Corumbá”, declarou uma internauta indignada.
Em boletim divulgado neste domingo, o Corpo de Bombeiros Militar relata que várias regiões estão com combate. Entre as prioridades está Corumbá, que segue há dias com atividades.
“Com apoio de uma aeronave Air-Tractor e dois helicópteros do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, o CBMMS, segue com todo esforço, para debelar todos os focos da região. Novamente as fortes rajadas de vento, dificultam o combate”, relatam.