Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram uma nova embalagem antiestática e sustentável, feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar e de negro de fumo – material produzido pela combustão incompleta de carvão e outros produtos -, para proteção dispositivos eletrônicos sensíveis, como chips e semicondutores.
Esses produtos, presentes em computadores, celulares, TVs e até automóveis, têm alto valor comercial e precisam ser acondicionados em embalagens especiais para evitar danos por descargas eletrostáticas.
Chamado de criogel condutivo, o composto é feito a partir da celulose extraída de plantas e resíduos agroindustriais e é um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo, atualmente usadas para a proteção dos componentes.
Mercado milionário
Relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos aponta que o mercado global de embalagens de produtos sensíveis a descargas eletrostáticas deve atingir US$ 5,1 bilhões até 2026.
“Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, diz a coordenadora do estudo, Juliana Bernardes.
Eficiência do material

O material tem capacidade de conduzir eletricidade ajustada conforme a necessidade: em baixas concentrações de negro de fumo (1% a 5%), dissipa cargas eletrostáticas lentamente; em concentrações mais altas (acima de 10%), torna-se um condutor eficiente e pode ser usado em aplicações mais avançadas para proteger equipamentos eletrônicos altamente sensíveis.
Apesar de os custos de produção ainda não estarem precificados, o criogel condutivo tem uma série de vantagens ambientais e competitivas. Oferece maior resistência ao fogo, versatilidade e usa matérias-primas abundantes.
A celulose, por exemplo, pode ser obtida do bagaço de cana-de-açúcar e outros resíduos agroindustriais, como palha de milho e cavacos de eucaliptos. O negro de fumo, por sua vez, é usado na produção de pneus e na indústria.
*Sob supervisão de Victor Faverin