A Câmara Municipal de Dourados recebeu nesta segunda-feira (20) uma denúncia contra o pastor e vereador Sérgio Nogueira (PP), após fala considerada de conotação homofóbica. O pedido foi protocolado pelo colega Diogo Castilho (PSDB), conforme apurou a reportagem do Jornal Midiamax
“Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Dourados, o vereador Pastor Sérgio Nogueira proferiu discursos que podem ser considerados como homofóbicos, desrespeitando gravemente os princípios éticos e de conduta esperados de um representante público”, justifica Castilho.
Caso seja comprovada a falta de decoro parlamentar prevista no Código Ética da Câmara Municipal de Dourados, instituído pela Resolução número 127, de 4 de dezembro de 2013, Sérgio Nogueira pode ser enquadrado em um dos incisos do artigo 8º do referido documento.
Entre as punições previstas estão: advertência pública verbal ou escrita, destituição do cargo que ocupe na mesa diretora, suspensa temporária de mandato, sem remuneração por até 60 dias e também a cassação do mandato.
Histórico de polêmicas
Com histórico de pronunciamentos polêmicos na tribuna da Câmara de Dourados, o pastor e vereador Sérgio Nogueira (PP) se envolve em uma nova polêmica. Ao fazer críticas sobre a administração do governador do Rio Grande do Sul em relação às enchentes que assola as cidades gaúchas, Nogueira acabou fazendo ataques pessoais a Eduardo Leite (PSDB).
No seu pronunciamento feito na sessão ordinária da última segunda-feira (13), o vereador disparou contra o seu ex-colega de partido, uma vez que há até pouco tempo ele estava filiado ao PSDB (Partido da Social Democracia).
O que disse o pastor e vereador
“Foi falado aqui por alguns vereadores de mandar dinheiro ao Rio Grande do Sul. Cadê esse governador do Rio Grande do Sul? Há cinco anos e quatro meses esse governador do PSDB, que enfrentou no governo dele algumas enchentes, desmoronamentos e colocou agora para 2024 uma quantia ínfima, irrisória”, disse o vereador.
Entretanto, além das observações sobre a suposta ineficiência do governador gaúcho, Nogueira, disse não irá fazer nenhum depósito na conta divulgada pelo Rio Grande do Sul. “Um governador que agora entra nas redes sociais e pede PIX! Manda um PIX, na conta do Governo do Estado. Aliás, um governador do PSDB, né?”
“Grande governador, o senhor não receberá um PIX meu. Posso mandar para APAE, Pestalozzi, para as instituições, para os gaúchos sérios, mas ao senhor não. O senhor está preocupado com o seu primeiro-damo, aí no seu governo”, disse durante a sessão, em referência ao médico Thalis Bolzan, marido de Eduardo Leite.
“Ele me leva a julgamento”
O pronunciamento do vereador ganhou maior repercussão nessa sexta-feira (19), quando é comemorado o Dia Internacional de Luta Contra à LGBTfobia ao ser reproduzido nas redes sociais.
“É um absurdo. Já não é a primeira vez que ele comete homofobia. Ele é o autor da polêmica onde o mesmo sugeriu que colocassem todos os gays em uma ilha, e depois de 10 anos, voltassem pra ver se iria ter reproduzido”, comentou uma internauta ao lembrar de outro pronunciamento do vereador em setembro de 2014.
“Eu como vereadora tenho vergonha de ver tanta hipocrisia em um momento de tanta dor no Rio Grande do Sul. Independente do governador ser ou não ser gay, tenho acompanhado o tanto que o governador tem lutado pelo seu povo, com muita dedicação e competência”, disse a vereadora Tânia Cristina (PSDB).
Segundo a colega de parlamento, quando disse que ele poderia ser processado por isso, Nogueira teria respondida de forma irônica: “Me processa”. “Lamentável e desnecessário um comentário tão frio e maldoso de alguém que foi eleito pelo povo. Sem palavras para tanta falta de humanidade”, ressalta Tânia Cristina.
O outro lado
“Infelizmente não aprendeu muita coisa nesses 10 anos”, disse outro eleitor, ao comentar a fala de Nogueira que já está em seu terceiro mandato e já colocou seu nome como pré-candidato à reeleição para uma quarta legislatura.
Procurado pela reportagem do Jornal Midiamax, para prestar esclarecimentos sobe sua fala na tribuna, o vereador não respondeu. Por outro lado, o presidente da Câmara, Laudir Munaretto disse que até o momento a casa de leis não recebeu nenhum questionamento.
“O pronunciamento em tribuna é livre e não pode ser cerceado. Entretanto caso alguma denúncia formal sobre a fala do vereador seja apresentada, iremos analisar o assunto”, disse Laudir Munaretto (MDB).
Diante da oficialização da denúncia pelo tucano Diogo Castilho, o caso deve ser colocado em discussão na sessão desta segunda-feira (20). Até o momento os vereadores ainda não decidiram os assuntos que serão deliberados na pauta do dia.