Os produtores de leite do Rio Grande do Sul passam a contar com uma calculadora virtual que estima o preço que será recebido pelo produto.
A iniciativa tende a auxiliar pessoas que há décadas vivem da atividade leiteira, como os pecuaristas de Monte Negro, no Vale do Caí.
A fazenda de Gediel Griebeler possuia, no começo, apenas uma vaca e toda a produção do animal era comercializada. Não sobrava nenhuma gota para o café preto da família.
Hoje em dia, o local conta com 65 vacas em lactação e distribui cerca de 1.300 litros por dia. O trabalho duro é feito dia a dia com o apoio das mulheres da família, que cuidam da ordenha. Mesmo com um rebanho com garantia de qualidade genética, Griebeler ainda sofre com o preço pago pelo litro.
“(O preço) reagiu agora, neste último mês. Ele deu 12 centavos de aumento. Até então a gente não tinha aumento ainda. E está bem defasado o preço em relação ao custo de produção. É muita diferença. Insumo, defensivo, tudo encareceu do ano passado para cá”, relata.
Em setembro, o preço pago pelo litro do leite no estado foi de R$ 2,53. A média Brasil calculada pelo Cepea está em R$ 2,76. O Rio Grande do Sul é a unidade da federação com a menor remuneração do país.
Calculadora virtual do leite
Uma das maiores dificuldades da atividade leiteira é o planejamento dos investimentos. O produtor entrega o produto para a cooperativa e só fica sabendo o valor exato de quanto foi pago pelo litro em 15 dias.
Agora, uma nova ferramenta validada pelo Conseleite pretende ajudar a mensurar essa remuneração de forma prévia, dando ideia de quanto o alimento vai render ao produtor.
A calculadora do leite foi elaborada em uma parceria que envolve produtores, indústrias e a Universidade de Passo Fundo.
Para ter uma perspectiva do preço pago por litro, basta acessar de forma gratuita o site da Conseleiteonde o pecuarista precisa inserir alguns dados da sua produção e consegue obter a média dos valores que podem ser recebidos.
O presidente do Conseleite, Allan Tormen, conta que a função da ferramenta é mostrar ao produtor como está a posição do produto dele referente a preço em comparação à realidade do mercado.
“Divulgamos um valor de referência que é médio. A gente vai ter produtor que entrega com 2,5% de gordura e produtor com 4,5%, assim como produtor de 200 litros e produtor de dois mil litros. Tentamos contemplar todas as variáveis dentro da realidade do estado”.
Plataforma não expõe dados
A calculadora é segura porque não expõe e também não salva os dados inseridos, garante o Conseleite.
Com essa alternativa, o produtor pode ter uma base de comparação com valor de referência, o que ajuda na organização das contas, já que o leite é pago no mês, mas o ciclo da cultura é anual, como na produção de silagem, por exemplo, feita por safra.