Repasse de emenda parlamentar deve ser gasto até novembro deste ano e, como projeto original foi negado pelo IPHAN, autoridades avaliam mudanças
Com problemas no projeto arquitetônico da reforma na Feira Central, a Prefeitura de Campo Grande têm prazo de cinco meses para solucionar as indefinições referentes ao ponto turístico e gastronômico na cidade.
Tendo em vista que os recursos federais de R$ 15 milhões já estão nos cofres públicos do município, é necessário que a prefeitura inicie o processo licitatório da revitalização da Feira Central, antes do mês de novembro que é o prazo final para utilizar o recurso, que pode voltar para a União caso não seja investido.
Diante deste processo a Associação da Feira Central, Cultural e Turística de Campo Grande (Afecetur), que é a responsável pelo projeto apresentado no final de 2022, se reuniu na semana passado com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) para avaliar as necessidades estruturais da Feira Central.
Além disto a associação também discutiu como o projeto da reforma da Feira Central pode se iniciar, e o que é juridicamente possível ser feito na Feirona, que é localizada no meio de uma área tombada pelo Patrimônio Histórico.
De acordo com a Presidente da Afecetur, Alvira Appel, a associação da Feira Central aguarda um posicionamento da Sisep referente ao projeto nos próximos meses.
Devido a intervenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que negou o projeto arquitetônico da reforma da Feira Central, também há a possibilidade de ser realizado alterações no projeto inicial, para que não seja necessário a mudança de estrutura, não interferindo assim no espaço tombado.
IMBRÓGLIO
Anunciado em dezembro de 2022, o projeto de revitalização da Feira Central de Campo Grande, que têm aporte de R$ 40 milhões, foi negada em análise técnica feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no início deste ano.
Um dos principais pontos turísticos e gastronômicos da cidade, a Feira Central é localizada desde outubro de 2006 na antiga Estação Ferroviária, a chamada “Feirona”.
Desde quando foi transferida das ruas José Antônio, Abrão Julio Rahe e Padre João Cripa para o complexo ferroviário, causou polêmica e muita discussão na época, por se tratar de um espaço histórico da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB), que foi tombado em 2009.
O seu projeto de revitalização, proposto pela Associação da Feira Central, Cultural e Turística de Campo Grande e técnicos da prefeitura, teria de acordo com parecer técnico do IPHAN, irregularidades a partir do momento em que é proposto a segmentação do espaço em dois, construindo a Feirona onde atualmente é o espaço do estacionamento.
“A implantação da nova Feira Central na área da Esplanada Ferroviária, em parte do antigo leito ferroviário, que propõe segmentar este espaço em dois, afeta diretamente valores destacados no processo de tombamento, referentes à percepção e o entendimento do sistema linear composto pelo complexo e das relações entre este sistema e a cidade. Sua locação em meio à esplanada ferroviária não é passível de aprovação”, trecho de conclusão do parecer do IPHAN.
Outros fatores levantados pelo instituto referentes ao projeto negado são a altura e distância do empreendimento, onde é considerado que o “modelo da nova Feira Central é superior, em muito, aos imóveis existentes, podendo afirmar que sua inserção causará danos irreversíveis na visibilidade e ambiência do conjunto protegido”.
PROJETO DE REFORMA
O projeto da “nova Feira Central” propunha uma estrutura de dois pavimentos, com mais de 5 mil metros quadrados de área construída.
O térreo do empreendimento, de acordo com o projeto original, seria reservado para as 58 bancas de hortigranjeiros além do espaço de venda dos demais produtos.
No segundo pavimento, com 6 mil metros quadrados, haveria um espaço multiúso de 700 m² destinado a eventos como apresentações musicais e artísticas.
No pavimento superior também teria uma praça de alimentação em 30 restaurantes centrais, com capacidade para 920 lugares.
Saiba
Além dos R$ 15 milhões de emenda parlamentar, o projeto de revitalização da Feira Central ainda teria repasse de R$ 25 milhões do governo do Estado, tendo o custo previsto de R$ 40 milhões.