Sentado no banco de réus do Plenário do Tribunal do Júri na manhã desta quarta-feira (17), Leonardo Diego Fagundes Lourenço, de 34 anos, conhecido como ‘Buguinho do Nha Nha’, negou ter esfaqueado até a morte Eder Benites Calil, de 40 anos, na Avenida das Bandeiras, durante uso de drogas. O crime ocorreu na tarde do dia 19 de setembro de 2022.
“Não conheço, nem fui eu que matei essa pessoa. Também não sei quem foi”, disse ao Plenário. Segundo relato do réu, estava em um supermercado na Avenida Manoel da Costa Lima, próximo à 5ª DP (Delegacia de Polícia), quando Magrão foi morto na Rua Texaco, próximo ao cruzamento com a Bandeiras.
‘Buguinho do Nha Nha’ explicou que é conhecido na região porque a mãe dele mora na Rua Texaco. “Eu cheguei na entrada do Jardim Nha Nha e várias pessoas começaram a falar que a Polícia estava atrás de mim. Eu dei risada e perguntei o porquê, já que não devia nada para ninguém. Foi aí que falaram que eu tinha matado ‘fulano’. Eu disse que não tinha matado ninguém”, afirma.
Leonardo foi preso horas depois, no período da noite, em um ferro-velho na região. Disse, ainda, que não confessou crime à polícia, e que exerceu seu direito de ficar em silêncio durante o depoimento. “Estava lá vendo se tinha algum trabalho para mim, de tapeçaria, porque sou tapeceiro autônomo”.
Contradição
O depoimento de Leonardo contradiz a versão apresentada ao Plenário pelo investigador do GOI (Grupo de Operações e Investigações), Alan Carlos da Silva. O investigador foi a única testemunha a ser ouvida nesta quarta-feira e contou que ‘Buguinho do Nha Nha’ relatou que ele e ‘Magrão’ teriam discutido antes do homicídio, e que a vítima agrediu o autor a pedradas dias antes de ser morta.
“Ele (Leonardo) até mostrou um ferimento que tinha na cabeça e disse que foi o Magrão que jogou uma pedra nele”, conta. O investigador traçou alguns passos da investigação ao Plenário. Alan Carlos disse que foram alguns usuários de droga que estavam na região no momento do assassinato que levaram os policiais ao assassino.
Os populares relataram que Magrão e Buguinho andavam juntos e costumam usar drogas com frequência. No dia do crime, Leonardo convidou a vítima para usarem drogas novamente. Ao Plenário, negou até ser usuário. “Parei em 2015, agora só uso álcool”.
Na cena do crime foram encontrados um tênis, pedras, um boné vermelho e terra mexida. “Parecia que tinha acontecido uma briga”. Segundo o investigador, as testemunhas apontaram o endereço de Leonardo, o que os levou à mãe do réu. “Alguns disseram que foi ‘Buguinho’, outros ‘Buguinho do Nha Nha’ que tinha matado Magrão e que ele era visto pela região usando o boné vermelho com frequência”.
Na residência da mãe de Leonardo, ficaram sabendo que o homem não aparecia em casa havia três dias e tiveram a confirmação de que o homem era conhecido como ‘Buguinho do Nha Nha’ e era o mesmo da fotografia que constava no sistema da Polícia Civil, visto que ele possui algumas passagens por outros crimes.
Leonardo contesta. “Meu apelido é Buguinho do Nha Nha, não Buguinho. Eu não sou essa pessoa”, afirma.
Relembre o crime
Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem ainda não identificado, de aproximadamente 35 anos, cai e morre na frente de um Pet Shop no cruzamento da avenida das Bandeiras com a rua Texaco, na Vila Carvalho, em Campo Grande, após receber golpes de faca.
Segundo a PM, ele teria brigado na quadra de cima e foi descendo a via até cair, como mostrado no vídeo. Nas redondezas do crime, a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) recolheu duas pedras com sangue, uma faca torta e o tênis da vítima.
Conforme o Corpo de Bombeiros, equipe foi acionada ao local e encontrou o homem já sem vida, caído na calçada. Testemunhas contaram que não perceberam a vítima chegar ali, não ouviram gritaria ou pedidos de socorro, nem mesmo a fuga.
O homem foi encontrado já caído na calçada e não resistiu ao ferimento. Ele não foi identificado e comerciantes da região disseram que nunca tinham visto o homem por ali. A suspeita é de que ele tenha descido a Avenida das Bandeiras e seguido pela Rua Texaco, onde caiu.