O homem, de 56 anos, preso nesta segunda-feira (8) com mel fake, que de mel tinha apenas a essência, misturava vários produtos químicos em alta quantidade. Assim, produzia o material que dizia ser mel e entregava para 500 comerciantes de Mato grosso do Sul, além de outros fora do Estado.
Ele pode ser comparado com o personagem da série Breaking Bad, Walter Hartwell White, um químico promissor que após sair de uma empresa bilionária a qual era um dos fundadores, se tornou professor de química desiludido. Para garantir a segurança financeira da família passa a usar seus conhecimentos em química a favor do crime, produzindo e vendendo metanfetamina, uma das drogas mais potentes e viciantes do mundo.
A semelhança ocorre apenas na utilização de produtos químicos, já que para produzir o mel, o “comerciante de MS” utilizava HMF, que é hidroximetilfurfural, um dos componentes químicos de degradação mais comum, que indica o envelhecimento do produto. Se consumido em grande quantidade é possível causar câncer.
Conforme apurado pela reportagem, a quantidade ideal para mel, por exemplo, é de no máximo 60 mg por quilo e no mel fake foi encontrado índice de 430.81mg por quilo, o que é extremamente alto, consequentemente, fora do padrão. Pode ser prejudicial para o fígado, para o rim e sistema nervoso central.
Foi constatado ainda um valor muito alto de HMF, indicando que o produto foi aquecido para poder facilitar a diluição desses ingredientes que foi adicionado e essa HMF é proibida pelo decreto federal 9.013 de 2017, que é o RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal). Também foi encontrado reação positiva demonstrando que houve realmente esse superaquecimento da substância, confirmando a inclusão desses açúcares desse xarope, pelas temperaturas muito altas
Havia também inclusão de amido ou xarope de açúcar na substância, na formulação dos produtos. Em laudo da perícia foi encontrado até desinfetante de eucalipto.
A amostra foi feita laboratorialmente e reprovada. O homem por várias vezes colocou o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) na rotulagem, mas foi constatado que eram falsificados. Foi consultado o serviço de inspeção federal e são rótulos que não são aprovados pelo SIF.
Ele, inclusive, utilizava SIF existentes, mas de outras atividades, como por exemplo de fábrica de ração, de um abatedouro de peixe, ou até mesmo de um entreposto de mel de outro estado, mas a rotulagem está totalmente fora dos padrões da digitação vigente.
Então, com base em toda a situação, os produtos foram considerados impróprios para o consumo humano. Foi constatado ainda fraudes no produto e na rotulagem.
Os produtos são apreendidos e descartados. Agora a Vigilância Sanitária Estadual será informada para que os produtos que forem encontrados à venda, no mercado, sejam retirados pela Vigilância Sanitária Municipal.
Preso após investigação da Decon, “Walter White de MS” foi flagrado quando tentava levar 106 desses produtos para Rondonópolis.
Fonte: Midiamax