Preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado (14/12), Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, teve um papel central na coordenação de um plano clandestino para atacar figuras-chave do novo governo, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A informações são de investigações conduzidas pela PF.
De acordo com a PF, Braga Netto esteve envolvido diretamente nas articulações que visavam a execução e prisão de Moraes, Lula e Alckmin, com o intuito de desestabilizar o processo político e garantir a continuidade de Bolsonaro no poder. O relatório da Polícia Federal descreve a participação do ex-ministro na coordenação das ações secretas, com ênfase no planejamento para prender e até matar o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O plano se desenrolou entre o final de 2022 e o início de 2023, ainda de acordo com a PF. Em 15 de dezembro de 2022, membros de um grupo de militares estavam posicionados em Brasília para capturar Moraes, com a intenção de executá-lo, juntamente com Lula e Alckmin. No entanto, a ação foi abortada quando a cúpula do Exército, liderada pelo general Freire Gomes, se manteve fiel à hierarquia institucional e não aderiu ao golpe.
A PF aponta que, naquele dia, Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, se comunicou com o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Defesa, sugerindo que o comandante do Exército fosse ao Palácio do Alvorada para informar Bolsonaro sobre a possibilidade de ruptura institucional. Porém, a falta de apoio das Forças Armadas fez com que o plano fosse abandonado.
O plano para atacar Moraes foi mais complexo do que se imaginava. A PF revelou que o grupo considerou o uso de diversas formas de assassinato, incluindo envenenamento e explosivos. Para isso, eles planejavam utilizar um arsenal de guerra, com pistolas, fuzis, metralhadoras e até um lança-granadas, além de um carro oficial do Exército para transportar os criminosos durante a operação.
De acordo com investigações da PF, o ex-ministro Braga Netto esteve diretamente envolvido na elaboração do planejamento. Um documento apreendido com o general Mário Fernandes detalha informações sobre o aparato de segurança de Moraes, itinerários e horários, além de instruções sobre como realizar a execução utilizando armamentos de alto poder bélico.
Prisão
A prisão de Braga Netto, realizada neste sábado (14/12) em Copacabana, Rio de Janeiro, foi fundamentada em uma série de investigações conduzidas pela Polícia Federal, incluindo depoimentos e materiais apreendidos com o tenente-coronel Mauro Cid. O ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, que fez uma delação premiada, revelou detalhes sobre o envolvimento do ex-ministro na obstrução das investigações, além de seu papel em financiar atividades clandestinas e golpistas.
Entre as revelações, a PF destacou que Braga Netto teria colaborado com a criação de núcleos operacionais voltados para incitar militares a aderirem ao golpe e para realizar ações coercitivas contra os alvos políticos do plano. Ele também foi identificado como um dos principais responsáveis pela organização e apoio logístico das operações clandestinas.
FONTE: TOPMIDIANEWS