Mais de 900 pessoas já foram resgatadas das enchentes no Rio Grande do Sul pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul. Quase 80% dos municípios foram atingidos pelas enchentes que começaram na última semana e deixaram o estado gaúcho em decreto de calamidade pública.
Os bombeiros sul-mato-grossenses foram convocados na última sexta-feira (3), quando embarcaram para ajudar nos resgates em São Leopoldo e Canoas. Além disso, um helicóptero esquilo, prefixo PT-FRN, da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), decolou para o estado no último sábado (4) com cinco militares especialistas em busca e salvamento.
Entre as vítimas resgatadas por socorristas de Mato Grosso do Sul, estão uma gestante, resgatada na cidade de Tapes até o Hospital Moinhos, em Porto Alegre, e outras 35 crianças e enfermos, além de 200 animais.
Além dos resgates, muitos suprimentos estão sendo enviados aos gaúchos afetados pela tragédia, como 1.200 garrafas de água, 550 marmitas e 250 quilos de fraldas.
O comandante do Corpo de Bombeiros, Frederico Reis, adiantou que em um segundo momento, assim que as águas abaixarem, a corporação já está preparando o envio de mais uma equipe, que vai seguir com militares e cães para ajudar na parte de busca.
O helicóptero de MS que está no local é equipado com um guincho elétrico para o resgate de pessoas em áreas isoladas e de difícil acesso, podendo içar até duas pessoas, suportando 204 quilos.
Para ajudar nos resgates, uma equipe técnica com antena Star link foi transportada para o Rio Grande do Sul para ajudar nos pontos de comunicação.
Já os Bombeiros estão em nove militares, sendo oito especialistas em salvamento aquático e mergulho e um médico. A equipe levou para o estado gaúcho quatro embarcações, dispondo de barcos, caiaques e equipamentos para resgate.
O apoio terá duas etapas, sendo os primeiros 10 dias para buscas de vítimas e resgate de sobreviventes. A segunda fase será para buscas por corpos desaparecidos, contando com o auxílio de cães farejadores.
O grupo é especializado em resgates diante de tragédias, tendo atuado anteriormente em Brumadinho, Minas Gerais.
‘Bichos nos telhados e 40 horas sem dormir’
“Chegamos para os resgates no sábado de noite no Rio Grande do Sul, umas 22h, 22h30. Estava chovendo forte na hora e todos os bombeiros já estavam empenhados nas ocorrências. E nisso a gente já presenciou as pessoas desesperadas, ouvindo o barulho do barco e pedindo socorro. Só que não cabia todo mundo de uma vez e a gente fez várias viagens, escolhendo por ordem de risco”. O relato é de um bombeiro militar sul-mato-grossense, convocado para socorrer as vítimas das enchentes do sul do país.
Conforme o bombeiro, nestes três dias grande parte dos militares ficou muitas horas sem dormir, 40 no caso dele. “A gente foi tocando direto. Fui dormir depois de 40 horas e não descansei mais que duas horas. Apesar de desgastante, quando a gente atende as pessoas, não tem cansaço que diminua a nossa vontade de ajudar e isso dá uma revigorada. E operar com os militares do RS está sendo bacana, eles são muito dedicados e tem de outros estados também e isso tá sendo bem legal”, comentou.
Gaúchos em Campo Grande relatam impotência diante de tragédia vivida por familiares
Gaúchos que estão em Campo Grande para as celebrações das tradições gaúchas na FenaSul vivem momentos de angústia e impotência diante da tragédia vivida e relatada por familiares que estão no Rio Grande do Sul.
O sentimento é de tristeza. A feirante Regina Schneider, de 62 anos, conta ao Jornal Midiamax que o filho pegou uma caminhonete e passou a ajudar a resgatar pessoas e animais abandonados.
“As pessoas choravam, agarraram nele dizendo: ‘O que vou fazer agora sem comida, sem roupa e sem nada?’ É muito triste”, relata, angustiada. “Eu me sinto aqui atada. Se eu estivesse lá, eu com certeza estaria ajudando”, afirma enquanto mostra a foto do filho, Tcharles Schneider, de 38 anos.