A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,58%, a 129.210,50 pontos, nesta terça-feira (7), dia de balanços corporativos relevantes e às vésperas do anúncio da decisão do BC (Banco Central) sobre a taxa Selic.
Já o dólar encerrou a sessão em leve baixa de 0,13%, cotado a R$ 5,0672 na venda, também afetado pela queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, apelidados de Treasuries, no exterior.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC se reuniu nesta terça para decidir sobre o patamar da taxa básica de juros do país, e a resposta sobre o tamanho do corte -se 0,5 ponto percentual, se 0,25- sairá no final da tarde da quarta-feira.
O mercado segue cauteloso quanto ao anúncio. A expectativa é que o Comitê comece a desacelerar o ritmo de cortes na Selic diante de um cenário incerto, tanto aqui quanto no exterior.
Por cinco reuniões seguidas, o entendimento entre o Comitê foi unânime no corte de 0,5 ponto percentual. Hoje, a taxa está em 10,75% ao ano. E, em março, sinalizou que iria repetir a intensidade da redução na reunião de maio, “em se confirmando o cenário esperado”.
Mas a análise é que dificilmente os nove integrantes do colegiado anteviram que a inflação dos Estados Unidos fosse ficar acima do esperado em março, tampouco que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse mudar a meta fiscal de 2025 no último mês.
No Boletim Focus desta segunda, o BC passou a também adicionar o impacto da tragédia do Rio Grande do Sul ao cálculo de expectativas do mercado financeiro. As fortes chuvas no estado já deixaram 90 mortos e número de afetados pelas enchentes passa de 1 milhão.
“Quando a gente olha em termos de projeção, esse desastre tem impactos na safra agrícola, no comércio, nas vendas, no emprego, no conjunto da atividade econômica do Rio Grande do Sul e, por conta disso, de todo o país”, disse Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, durante live na segunda-feira.
O caso foi usado pelo técnico do BC para exemplificar como eventos imprevistos mudam a tendência esperada para os indicadores econômicos e afetam as projeções feitas pelos analistas da iniciativa privada.
O contexto leva a um “quase consenso” para a redução do ritmo de queda da Selic, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
“Mas há esperança por uma comunicação menos rígida, sem fechar as portas para a continuidade dos cortes, mesmo sem se comprometer com guidance.”
Os juros futuros, porém, caíram. No fim da tarde desta terça, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,2%, ante 10,22% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,41%, ante 10,438% do ajuste anterior.
No longo prazo, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,99%, ante 11,03%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,4%, ante 11,446%.
“Este movimento de queda é influenciado, na minha opinião, pela queda dos treasuries norte-americanos. As taxas nos EUA passaram a cair após a divulgação de dados econômicos na semana passada, que indicam uma possível desaceleração da economia e controle inflacionário”, avalia Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.
Olhando para o dólar, a incerteza sobre a Selic fez com que a moeda operasse em margens estreitas pelo segundo dia seguido.
Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que, caso o corte seja de 0,25 ponto percentual, como precificado, os efeitos no câmbio tendem a ser menores. Isso porque o diferencial de juros entre Brasil e exterior não fechará tanto, mantendo em grande parte a atratividade do país ao capital internacional.
Na cena corporativa, balanços de grandes empresas deram mais fôlego ao Ibovespa.
O Itaú Unibanco, cujos papéis fecharam em alta de 2,07%, apresentou crescimento de 15,8% no lucro líquido do primeiro trimestre, batendo R$ 9,77 bilhões. O CEO, Milton Maluhy, ainda sinalizou chance de o banco voltar a distribuir dividendo extraordinário neste ano.
A Rede D’or subiu 9,33%, após anunciar lucro líquido de R$ 804,6 milhões nos primeiros três meses do ano -alta de 169,3% em relação ao mesmo período de 2023.
A Vale avançou 0,62% e Petrobras, 2,42%, mesmo com desvalorização do minério de ferro e petróleo Brent.
Da outra ponta, Suzano fechou com a maior queda do dia, a 12,27%, após a notícia de que a empresa brasileira de celulose teria feito uma oferta toda em dinheiro de quase US$ 15 bilhões em ativos da International Paper.
A Suzano tem um valor de mercado de US$ 15,2 bilhões, e está em negociações para uma linha de financiamento que possa apoiar sua oferta, de acordo com a agência Reuters. A International Paper está preparada para rejeitar a oferta como inadequada.
A resseguradora IRB, na sequência, perdeu 8,77%. O banco JPMorgan classificou a empresa como a mais exposta no setor de seguros diante da tragédia no Rio Grande do Sul.
Na segunda (6), em sessão pouco volátil, o dólar fechou com leve alta de 0,08%, cotado a R$ 5,0741.
O Ibovespa, por outro lado, apresentou ganhos no início do pregão e perdeu força ao longo do dia. O principal índice da Bolsa brasileira fechou com recuo de 0,03%, aos 128.465,69, praticamente sem alterações em relação à sexta-feira passada.
*Com informações da Folhapress