A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) sediou na última quinta-feira (6) uma mesa redonda para debater a eliminação das restrições ao uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), comumente conhecido como gás de cozinha. O evento, conduzido pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS), reuniu representantes de diversos setores para discutir as oportunidades econômicas proporcionadas pelo GLP no Brasil.
O encontro contou com a participação de representantes do Ministério de Minas e Energia, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), do Governo de Mato Grosso do Sul, da UFMS e de empresários do setor. Beto Pereira enfatizou a importância do avanço do GLP e a necessidade de explorar outras opções energéticas no estado. “Estamos tendo a oportunidade de reunir todos os atores do segmento e discutir junto com o setor sindical. É um tema de extrema relevância e acredito estar maduro para avançarmos em nosso país”, afirmou o parlamentar.
O parlamentar destacou o projeto da UFMS em parceria com Copa Energia, iniciado em 2019, que implementou um laboratório de monitoramento e gerenciamento da qualidade da operação da Copagás, importadora de GLP da Bolívia. Esse projeto gerou novas iniciativas, como o uso do GLP em instalações hospitalares e na piscicultura, além da geração de energia.
Durante o evento, o reitor da UFMS, Marcelo Augusto Santos Turine, ressaltou a relevância do GLP durante a pandemia de COVID-19. Ele destacou que a UFMS implementou rapidamente um modelo para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian. “Durante a crise sanitária da COVID-19 em 2020, implementamos rapidamente um modelo para o Hospital Universitário em apenas 15 dias, visando a utilização do gás na área da Saúde. Assim, estabelecemos uma estrutura para auxiliar o hospital, que estava sobrecarregado, adotando um modelo de teste em parceria com a ANP, o qual evoluiu para um projeto-piloto e foi concluído com sucesso. É crucial buscarmos soluções e adotar legislações flexíveis que possam acompanhar a inovação mundial”, declarou Turine.
A coordenadora de Energias Renováveis da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Mamiule Siqueira, afirmou que o estado pretende ser o primeiro estado verde até 2030. “Seguindo essa diretriz, Mato Grosso do Sul almeja tornar-se o primeiro estado verde até 2030. A presença ativa da universidade e dos setores envolvidos demonstra que a ciência verdadeiramente está contribuindo para nos auxiliar na transição energética e na construção de um futuro de qualidade de vida melhor”, expressou Mamiule.
O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, mencionou a necessidade de simplificar as leis que restringem o uso do GLP e destacou a importância de impulsionar projetos de lei na Câmara. “Estamos em diálogo com a Secretaria de Transição Energética e preocupados com a escassez de opções de abastecimento energético em áreas como o Amazonas, que conta com cerca de 200 municípios. Nesse cenário, são necessárias soluções híbridas com energias renováveis que possuam backups, sendo o GLP uma opção já presente nesse contexto”, afirmou Bandeira de Mello. Ele mencionou que a ANP está finalizando um trabalho que será apresentado até o final de 2025, sugerindo a inclusão de novas regulamentações.
Pedro João Zahran Turqueto, vice-presidente de Operações e Estratégia da Copa Energia, apontou os desafios enfrentados pelo setor para convencer sobre a eficiência e economia do GLP como fonte energética. “A mudança não virá da noite para o dia, será gradual, degrau a degrau. Convencer os agentes econômicos a trocarem seus equipamentos e demonstrar que o uso de energia é de fato mais econômico, representa um mercado a ser explorado. Isso reduz a preocupação em relação à oferta e demanda. Não pode ser o caso em que a demanda siga apenas o que já está disponível. Com a crescente procura, a infraestrutura será buscada, seja por importação ou produção nacional”, afirma Pedro Zahran.
Diego Valério, superintendente da ANP, participou remotamente e destacou a importância de aumentar o prazo das licenças para pesquisas e revisar o calendário da ANP para estabelecer uma nova política de redução das restrições ao GLP. “O benefício do uso do GLP em outros setores é algo que concordamos e acompanhamos de perto, avaliando os resultados de diversos estudos e os impactos positivos que pode trazer para a sociedade em sua escolha. Nossa principal preocupação é com o abastecimento, e estamos empenhados em explorar esses aspectos para progredir ainda mais”, diz Diego Valério.