O narcotraficante Antônio Joaquim da Mota, conhecido como Tonho, que é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um dos maiores traficantes da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, um verdadeiro “barão das drogas”, está foragido da justiça desde que recebeu autorização para deixar o sistema penitenciário federal, em agosto.
Tonho foi preso no dia 20 de fevereiro deste ano, em Ponta Porã, durante uma operação da Polícia Federal e no mesmo dia transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande.
De acordo com informações apuradas pelo Correio do Estado, entre fevereiro e sua soltura, Tonho foi transferido para o Presídio Federal de Brasília (DF), de onde foi liberado após, no dia 15 de agosto o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Reynaldo Soares da Fonseca determinar o relaxamento da prisão preventiva do narcotraficante, por afirmar que “a defesa não foi intimada para apresentar contrarrazões ao recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público contra decisão do magistrado de origem que indeferiu o pedido de prisão do paciente”.
“A Corte Regional não declinou qualquer motivação, no sentido da urgência ou do perigo da ineficácia da medida, que pudesse justificar a supressão das contrarrazões defensivas. (…) Pelo exposto, não conheço do mandamus. Porém, concedo a ordem de ofício para anular o julgamento do recurso em sentido estrito, com o consequente relaxamento da prisão preventiva”, diz trecho da decisão do dia 15 de agosto deste ano.
Entretanto, após o MPF recorrer desta medida, o mesmo ministro voltou atrás, porém, demorou 14 dias após determinar a soltura de Tonho. Na nova decisão, Fonseca afirmou que no recurso o órgão federal sustentou que havia risco de fuga do acusado, além de que “a gravidade dos crimes atribuídos a ele e a robustez das provas reunidas durante as investigações evidenciavam a urgência da decretação da prisão preventiva, que não poderia esperar a realização de um contraditório prévio”.
Além disso, o ministro disse que o MPF alegou que havia risco de fuga de Antônio Joaquim da Mota, o que efetivamente aconteceu, já que, segundo apurado pela reportagem, o acusado não retornou ao seu endereço em Ponta Porã e ainda não foi localizado pela justiça para ser novamente preso.
O próprio encarceiramente em penitenciárias federais já demonstrava a peliculosidade de Tonho, que chegou a ser transferido de Mato Grosso do Sul, onde seu grupo tem mais poder e, segundo investigação da Polícia Federal, já havia até contratado serviços de um grupo paramilitar com experiência em atuar em conflitos internacionais.
CLÃ MOTA
Antônio Joaquim da Mota, de acordo com investigação da PF e denúncia do MPF, vem de uma linhagem de traficantes de cocaína na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. A vida no crime começou com seu pai, Joaquim Francisco da Mota, que, em 1960, mudou-se da Bahia para a fronteira do Estado (ainda Mato Grosso) com o Paraguai.
Na região, o pai de Tonho teria iniciado a longa lista de atividades ilícitas da família na década seguinte, com o contrabando de café.
Mais tarde, teria entrado para o tráfico de drogas, ao lado de outros grandes nomes da região, com Fahd Jamil. Só mais tarde é que Tonho tomou conta dos negócios, que agora divide com o filho, Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, conhecido como Motinha ou Dom, apelido que ganhou por causa do personagem Don Corleone do filme “O Poderoso Chefão”.
Segundo investigações, o traficante também tinha ligação com outras organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e, ainda, com o doleiro Dario Messer, condenado em 2022 a 13 anos de prisão, por lavagem de dinheiro.
Tonho seria o dono de fazendas no Brasil e no Paraguai, principalmente na região de Pedro Juan Caballero, onde criaria entre 3 mil e 6 mil cabeças de gado.
Essas propriedades seriam usadas também para facilitar a entrada de cocaína no País usando helicópteros, uma das marcas da quadrilha do clã Mota. Além de Tonho, o filho dele também está foragido da justiça desde o ano passado.
Saiba
Motinha está foragido da justiça há um ano
Até 2019, Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, o Motinha ou Dom, não tinha grande envolvimento com a Justiça. Porém, o que investigações da PF apontam é que ele figura como um dos grandes traficantes de Ponta Porã e que chegou a contratar serviços de um grupo paramilitar com experiência de atuação em conflitos internacionais para garantir a sua segurança.
Motinha foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal em junho de 2023 (Magnus Dominus – Todo-poderoso, em latim), porém conseguiu fugir de helicóptero um dia antes da ação e segue foragido até hoje. Depois disso ele já teve outros mandados de prisão expedidos, mas sua localização segue incerta.
Fonte: Correio do Estado