Um empresário de Mato Grosso, preso durante a Operação Jumbo, realizada em 2022, é apontado pela família do piloto Rafael Alvarez Fonseca, de 38 anos, como suposto comprador de um avião que sumiu em dezembro do ano passado.
A aeronave modelo 210 L, Cessna Aircraft, prefixo PT-SEL, seria testada por piloto Raphael, que está desaparecido.
O empresário continua preso em Mato Grosso sob acusação de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em postos de combustíveis em Cuiabá.
Ao Primeira Páginao pai de Raphael, Genildo Fonseca contou que conversou com Pedro Henrique Borges da Silva, que seria o dono do avião. Ao saber do desaparecimento do piloto, Pedro registrou um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento da aeronave, alegando ter sido vítima de apropriação indébita por parte do suposto comprador.
“Falei com o Pedro e ele disse que liberou a aeronave pra teste, que o tal Thiago iria até uma fazenda em Mato Grosso e que a devolveria no dia 20 de dezembro , o que não ocorreu. No dia 16 de janeiro, ele registrou o boletim de ocorrência”, contou Genildo.
De acordo com o relato da família, Raphael mora em Caucaia do Alto, divisa com Cotia, no interior de São Paulo, de onde saiu no início de dezembro para realizar um trabalho de aviação executiva em Manaus (AM).
De lá, Raphael fez contato com a família e disse que estava bem. A previsão é que ele retornasse a São Paulo no dia 9 de dezembro. Foi quando entrou em contato com a família e disse que tinha recebido uma proposta de trabalho em Mato Grosso.
O destino de Raphael seria Barra do Garças, onde testaria uma aeronave, segundo disse ele ao pai. Depois deste dia, as notícias começaram a ficar mais escassas.
Novas rotas
A polícia investigou o plano de voo a partir do dia 12 de dezembro. O avião decolou de Goiânia,
aterrissou em Rondonópolis e de lá foi para Poconé, onde foi reabastecida.
Ainda segundo a família, foi Tiago quem pagou a passagem de Raphael até Goiânia. E o pai do piloto chegou a falar com ele. A Genildo, o contratante disse que estava em Brasília, que Raphael estava e disse o nome do hotel em que o piloto estaria hospedado.
Genildo ligou para o hotel e confirmou que Raphael havia passado por lá, mas já havia feito do checkout.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Fonseca decolou em um aeroporto de Goiânia no dia 10 de dezembro. Na imagem, é possível ver o piloto de boné e camiseta branca, andando sozinho e sem bagagens.
No dia 16 de dezembro, Raphael fez uma chamada de vídeo para o pai, mas não disse onde estava, falou apenas que voltaria para casa para passar o natal. Na ligação ele disse – “pai está tudo bem por aqui, depois conto detalhes”.
No dia 17 ele respondeu a uma mensagem da ex esposa dizendo que estava voando e não poderia falar. A partir de então, ele não deu mais notícias.
O avião que desapareceu junto com Raphael, está avaliada em R$ 2,2 milhões.
Empresário preso
Em maio de 2022, a Polícia Federal cumpriu 8 mandados de prisão preventiva e 29 de busca e apreensão em Cuiabá, Várzea Grande, Mirassol D’Oeste, Poconé e Pontes e Lacerda, contra um grupo que teria movimentado R$ 350 milhões em quatro anos com dinheiro do tráfico.
Segundo o delegado Jorge Vinícius Gobira Nunes, da DRCOR (Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas) da PF, o empresário já tinha sido preso anteriormente, quando era taxista. Porém, quatro anos depois, conseguiu recursos suficientes para comprar um posto de combustíveis avaliado em R$ 6 milhões.
As investigações da PF mostram que ele era dono de três postos combustíveis que estavam no nome de laranjas, e uma mineradora. Segundo a polícia, os postos eram usados para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
O que diz a polícia
A Polícia Civil diz que não há comprovação de que o piloto tenha desaparecido em Mato Grosso.
A 1ª Delegacia de Barra do Garças instaurou um auto de investigação preliminar para apurar informações sobre o paradeiro do piloto Raphael. Foram realizadas diversas diligências para apurar se a aeronave pilotada por ele passou pelo espaço aéreo ou de pouso em aeroportos da região.
As informações foram requeridas ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), Polícia Federal e aeroportos nas cidades de Barra do Garças (MT) e Aragarças (GO), sendo constatado que a aeronave não pousou em nenhum dos locais.
O último contato feito por Raphael Alvarez foi de um telefone celular com prefixo da Bolívia. A aeronave estaria com o piloto irregularmente, conforme um boletim de ocorrência registrado na 1a Delegacia de Aparecida de Goiânia (GO), quando o proprietário do avião informou que Raphael decolou de Goiânia para fazer um teste para uma pessoa interessada na compra da aeronave.
As informações apuradas pela 1ª Delegacia de Barra do Garças foram compartilhadas com a Polícia Federal, a fim de angariar novos elementos que possam colaborar no esclarecimento do paradeiro do piloto e da aeronave.
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