Em depoimento à polícia após ser preso por assassinar a esposa, Juliana Domingues, de 28 anos, a golpes de foice na Aldeia Nhu Porã, em Dourados, Wilson Garcia, 28, adotou discurso comumente repetido por feminicídas: ele tentou culpar a vítima.
Diante do delegado chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais) de Dourados, Erasmo Cubas, o suspeito afirmou que já havia sido agredido pela esposa. Contudo, não constam denúncias na Polícia Civil de violência doméstica envolvendo o suspeito ou a vítima.
-
A golpes de foice, mulher se torna 3ª vítima de feminicídio em MS
-
Preso homem que matou mulher na frente do filho em aldeia
“Ele acabou dizendo que teria agido após uma ação inicial dela de lesioná-lo. Ele apresenta algumas pequenas lesões, ele vai ser encaminhado para realização de exame de corpo de delito, mas a versão dele é que ele teria reagido, não imediatamente, a umas agressões que ela estaria perpetrando contra ele”.
Erasmus Cubas.
Ainda conforme Cubas, o suspeito afirmou que nem ele ou a vítima estavam sob efeito de bebida alcoólica no momento do assassinato. Juliana foi golpeada diversas vezes na cabeça e o filho do casal, de apenas 8 anos, presenciou o crime.
Conforme o delegado, o garoto não será ouvido nesta fase inicial da investigação, pois já há elementos suficientes que comprovem a autoria do crime: a foice ensanguentada foi apreendida e o próprio suspeito confessou o feminicídio. O menino também narrou a dinâmica do crime à tia.
Vale ressaltar que a escuta de crianças deve ser feita de forma especializada, que envolve cuidados para garantir a proteção da criança e obter informações de forma segura e sem revitimização.
Wilson foi autuado por feminicídio, majorado pelo crime ter sido cometido diante do filho.
A golpes de foice
Juliana Domingues foi encontrada ao lado da foice, suja de sangue, na noite desta terça-feira (18). Embaixo de seu corpo, havia um celular e um facão, possivelmente usados na tentativa de se proteger do agressor. A aldeia onde ocorreu o crime fica à margem da BR-163.
A irmã da vítima relatou à polícia que o casal discutia desde o fim da tarde de terça-feira, mas não soube dizer o motivo. Após o crime, Wilson fugiu para a casa da mãe na Aldeia Tey Kue, em Caarapó, onde foi preso no final desta manhã, por equipes do SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil.
Até um helicóptero da Prf (Polícia Rodoviária Federal) foi empenhado nas buscas.
Juliana Domingues é a terceira vítima de feminicídio em 2025, em Mato Grosso do Sul. Assim como ela, Karina Corim e Vanessa Ricarte foram assassinadas neste mês de fevereiro.
Apenas é
⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:
- 🚨Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
- 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
- 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.
Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!
