Por: André Naves
O nascimento do Plano Real, em 1994, representa um marco significativo na história econômica e política do Brasil. Em um contexto de hiperinflação que assolava o país há décadas, o Plano Real foi uma iniciativa essencial para estabilizar a economia e devolver o poder de compra à população brasileira. Sob a liderança do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e de sua equipe econômica, o Plano Real foi concebido e implementado como uma verdadeira “pedagogia democrática”.
Fernando Henrique Cardoso sempre destacou que o Plano Real respeitava a autonomia individual, sendo implementado de forma pública, explicada e sem surpresas ou tutelas. A transparência foi um elemento fundamental para o sucesso do plano, pois permitiu que a população entendesse e confiasse nas medidas que estavam sendo adotadas. Esse processo participativo fez da sociedade brasileira uma grande parceira na implementação do plano, contribuindo decisivamente para o seu êxito.
Pérsio Arida, um dos principais idealizadores do Plano Real, frequentemente ressalta que o sucesso do plano foi resultado dessa enorme parceria democrática. Apesar das mudanças de presidentes, governos e condições sociais, a inflação nunca mais voltou aos níveis alarmantes anteriores, graças à vigilância popular que, por meio do voto, passou a privilegiar a estabilidade monetária. Essa vigilância constante é um testemunho da importância do engajamento cívico na manutenção das conquistas econômicas.
Um episódio ilustrativo dessa parceria democrática é narrado por Gustavo Franco, outro membro crucial da equipe econômica do Plano Real. Nos primeiros dias do lançamento do plano, ainda durante a fase de transição com a Unidade Real de Valor (URV), Franco viu uma barraquinha na praia vendendo um coco por uma URV. Para ele, aquele momento simbolizou a aceitação popular da nova moeda, indicando que o plano estava no caminho certo. A URV foi uma etapa crucial na preparação para a introdução do Real, pois substituía gradualmente o Cruzeiro Real e estabilizava a economia para o florescimento da nova moeda.
Com o lançamento do Real, o valor das coisas tornou-se mais compreensível, facilitando o investimento e o planejamento de longo prazo. A superação da hiperinflação abriu caminho para enfrentar outras mazelas que afligiam, e ainda afligem, a população brasileira. Novas estruturas sociais inclusivas e justas começaram a ser erguidas, proporcionando uma base mais sólida para o desenvolvimento do país.
É importante frisar que a estabilidade monetária obtida com o Plano Real foi o ponto de partida para o enfrentamento de vários outros problemas brasileiros. A inflação controlada possibilitou um ambiente mais propício para o crescimento econômico sustentável e para a implementação de políticas sociais mais eficazes.
Entre tantos feriados vazios de significado, que tal substituir um deles pelo dia 1 de julho, que passaria, então, a ser dedicado ao Plano Real? Este dia serviria para celebrar uma das maiores conquistas democráticas do Brasil, um marco que transformou a vida de milhões de brasileiros e continua a influenciar positivamente o país.
O Plano Real é, sem dúvida, uma conquista democrática que merece ser celebrada e lembrada por todos os brasileiros. Sua implementação transparente e participativa é um exemplo de como a Democracia é um instrumento poderoso na construção de uma sociedade Sustentável, Inclusiva e Justa!
* André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor, professor, ganhador do Prêmio Best Seller pelo livro “Caminho – a Beleza é Enxergar”, da Editora UICLAP (@andrenaves.def).
FONTE: CAPIVARANEWS