A arma usada no atentado que matou, por engano, Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz, ambos de 13 anos, em Campo Grande, foi furtada de uma picape Fiat Toro, em dezembro de 2022. Os adolescentes morreram no dia 3 deste mês, no bairro Jardim das Hortênsias, mas o alvo era Pedro Henrique, que ficou ferido na perna.
A pistola, de calibre 9 milímetros, foi localizada por equipes do Batalhão de Choque na Rua Camocim, na noite dessa quinta-feira (9).
Assim, conforme boletim de ocorrência que o Jornal Midiamax teve acesso, o furto da pistola aconteceu na região central de Campo Grande na noite do dia 29 de dezembro de 2022.
Na ocasião, a vítima deixou seu veículo, uma Fiat Toro, estacionado na Rua Antônio Maria Coelho. O vidro lateral direito da parte traseira do carro foi arrombado e, com isso, os ladrões roubaram a arma e uma mochila com instrumentos médicos.
O caso foi registrado como furto qualificado com destruição ou rompimento de obstáculo.
Ainda segundo o comandante Rocha, do Batalhão de Choque, “o que chama atenção também é o calibre 9 milímetros, porque é recente que a Polícia Militar alcançou esse calibre”.
Denúncia anônima levou policiais do Choque até a arma
O homem que estava com a arma fez a denúncia anônima dizendo que havia comprado a pistola de um rapaz chamado Vitor, com o objetivo de se proteger.
Ele abandonou a pistola no pé de uma placa sinalizadora, fixada entre uma loja e um quebra-molas existente na via. O homem não foi identificado. Ainda de acordo com o comandante, o comprador disse que não sabia que a pistola estaria ligada a crimes, em Campo Grande.
A polícia ainda tenta localizar o denunciante.
Atentado que acabou na morte de adolescentes
Os adolescentes estavam tomando tereré em frente de uma casa quando Pedro Henrique passou a ser perseguido pela dupla, Nicollas e João Vitor, que fizeram vários disparos acertando os adolescentes. As ordens do atentado saíram de dentro da Máxima.
Os delegados Guilherme Scucuglia Cezar e Pedro Henrique Pillar Cunha, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) revelaram que a motivação da execução seria uma disputa pelo tráfico de drogas na região do Jardim das Hortênsias.
Foram decretadas as prisões de Rafael Mendes de Souza, conhecido como Jacaré, Nicollas Inácio Souza da Silva, que seria ‘moleque’ de Kleverton Bibiano Apolinário, conhecido como ‘Pato Donald’, e o motorista de aplicativo Georges Edilton Dantas Gomes, que deu fuga à dupla.
Conversa pelo WhatsApp de dentro do presídio
Com acesso à comunicação garantida, os detentos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande mantêm verdadeiro ‘serviço de contrainteligência’ para monitorar em tempo real investigações em andamento e orientar comparsas do lado de fora.
É o que mostram mensagens flagradas durante a busca pelos traficantes que executaram por engano duas crianças de 13 anos de idade no bairro Jardim das Hortênsias, em Campo Grande, no último dia 3.
No flagrante, o preso Kleverton Bibiano Apolinário, custodiado pela Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária), e conhecido como ‘Pato Donald’, usa smartphone e aplicativos de comunicação instantânea nos aposentos da Máxima.
Nas mensagens, o detento orienta Nicollas Inácio Souza da Silva sobre como ‘escapar’ de ser preso pelo crime. ‘Pato Donald’ é apontado como um dos chefes do narcotráfico na região das Moreninhas, e estaria expandido as atividades para os bairros Aero Rancho e Jardim das Hortênsias.
Assim, como ‘dano colateral’ da disputa por território, mandou Nicollas matar outro traficante por dívida de droga. Foi quando os adolescentes Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz, ambos de 13 anos, foram assassinados sem ter nada a ver com o rolo dos bandidos. O alvo seria Pedro Henrique Silva Rodrigues, de um grupo rival de ‘Pato Donald’.
Na troca de mensagens rastreadas pelos policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), foi descoberto que logo depois do crime, ‘Pato Donald’ manda mensagem para Nicollas.
“Mina, vamos mocar essa arma. Vou mandar recolher ela de você. Tira de perto de você”, orienta uma das mensagens de ‘Pato Donald’.
Na mensagem enviada por Nicollas ao detento dizia: “Aqui ninguém vem, para casa que não vou. No cel do Jacaré tem o número da minha casa e eles podem ir lá”, falava.
As mensagens ainda traziam tratativas de como Nicollas poderia fugir para não ser preso pelo crime.
“Vou mandar dinheiro, fica de boa, eu coloquei você nessa. Você é meu filho”, dizia ‘Pato Donald’ a Nicollas. O ‘moleque’ era tratado como filho por Kleverton, que havia confiado a ele seus negócios ilícitos nas ruas da Capital.