“Ser o primeiro LGBT assumido a chegar nessa posição é uma resposta ao conservadorismo”, afirma Franklin (PT), segundo vereador mais votado em Dourados, com 2.452 votos. Sua eleição rompe preconceitos e contrasta com uma Câmara que este ano recusou uma denúncia de homofobia contra um de seus pares. O assunto ganhou as páginas dos jornais (…)
Marcos Morandi –
“Ser o primeiro LGBT assumido a chegar nessa posição é uma resposta ao conservadorismo”, afirma Franklin (PT), segundo vereador mais votado em Dourados, com 2.452 votos. Sua eleição rompe preconceitos e contrasta com uma Câmara que este ano recusou uma denúncia de homofobia contra um de seus pares.
O assunto ganhou as páginas dos jornais e envolve o pastor Sérgio Nogueira (PP), reeleito para o 4º mandato, que fez um discurso de críticas ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em plena enchente que assolou o estado. Sua fala foi considerada preconceituosa, uma vez que fez referência ao fato de Leite ser casado com um médico.
O caso poderia ser enquadrado como infração ao código de Ética. Foram oito votos a favor e oito contrários à denúncia, que acabou sendo desempatada pelo presidente da Casa, vereador Laudir Munaretto (MDB). Assim, o voto de minerva do presidente decidiu pela rejeição da denúncia.
“Nesse contexto, ser um político assumidamente gay e ter a segunda maior votação é uma demarcação de posição, um sinal de que estamos organizados e temos apoio popular. É importante destacar que ser LGBT é apenas uma parte de mim, pois a sociedade tende a nos reduzir à orientação sexual”, pontua o vereador eleito que irá defender a causa na Câmara.
Entretanto, segundo Franklin, durante entrevista ao Jornal Midiamax, a votação recebida não veio apenas das pessoas LGBTQIA+. Ele ressalta que teve o apoio de vários setores da sociedade, como educação, cultura, das pessoas preocupadas com o meio ambiente e da juventude que está nas escolas e nas universidades.
“Nossa compreensão da realidade, baseada na experiência de luta e enfrentamento ao preconceito, nos dá a experiência necessária para defender diversas causas de outras minorias, assim como a luta por justiça social”, comenta o parlamentar que irá enfrentar um legislativo formado em sua maior por representantes da direita.
Questionado a respeito das prioridades do seu mandato, Franklin conta que tem uma plataforma de atuação ampla, porém, durante a campanha, conseguiu identificar algumas prioridades com base nas demandas que chegaram e nos grupos que dialogaram com ele e com sua equipe.
Entretanto, apesar da pauta coletiva, aponta a educação como ponto de partida. “Minha trajetória de militância na educação pública faz com que eu tenha a educação como prioridade no mandato. Estaremos junto dos educadores e estudantes na luta contra os retrocessos e em busca de avanços”, enfatiza.
Outra bandeira central será a pauta ambiental. Segundo ele, o mundo vive a emergência climática e por isso irá atuar por um plano municipal de enfrentamento aos desastres climáticos, pelo plantio de mais árvores e recuperação de nascentes e córregos.
“Nosso mandato levantará a bandeira dos direitos humanos e atuaremos por uma cidade antirracista, com respeito aos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e das comunidades de imigrantes. Queremos construir uma Dourados que respeite as mulheres, que combata o machismo e valorize os povos tradicionais e as comunidades indígenas”, defende o petista.
Quem é Franklin Schamalz
Nascido no Rio Grande do Sul, Franklin Schamalz chegou a Dourados em 2013 para estudar Relações Internacionais na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), onde se formou em 2018, e concluiu o mestrado em Sociologia em 2020. Atualmente, é comunicador social e possui curso técnico em Marketing pelo IFMS, Campus Dourados.
Engajado politicamente desde jovem, foi presidente do Grêmio Estudantil, atuou na Pastoral da Juventude e se destacou no movimento estudantil universitário. Durante a graduação, integrou o Centro Acadêmico e o DCE, além de participar de greves e organizar protestos contra medidas autoritárias dos governos Temer e Bolsonaro.
Foi presidente do Conselho Municipal da Juventude de Dourados (2019-2021) e organizador da Parada LGBT+ (2019 e 2020). Coordenou o Comitê de Defesa Popular durante a pandemia e atuou em movimentos pela defesa dos parques e áreas verdes da cidade.
Com o projeto “Muda Dourados”, já plantou e doou mais de 500 árvores nativas e frutíferas na área urbana e em comunidades indígenas da cidade. Candidatou-se a vereador em 2020, ficando em 10º lugar com 1.490 votos, mas não foi eleito. Em 2022, concorreu a deputado federal e obteve 4.075 votos no Estado, sendo 2.045, só em Dourados.