O Brasil registrou quatro casos de transmissão de Febre Oropouche durante a gravidez. Os bebês nasceram com microcefalia, mas ainda não é possível estabelecer uma ligação direta entre a Febre Oropouche e a malformação neurológica. Em função disso, o Ministério da Saúde emitiu, na sexta-feira (12), uma nota técnica recomendando que estados e municípios intensifiquem a vigilância em saúde.
Na nota, o Ministério alerta para a transmissão vertical do vírus Oropouche, ou seja, quando o bebê é infectado ainda no útero. Em análise realizada pelo Instituto Evandro Chagas, foram detectados anticorpos do vírus em amostras de um caso de abortamento e quatro casos de microcefalia.
“Isso significa que o vírus se transmite da gestante para o feto, mas não é possível afirmar que haja uma relação causal entre a infecção e o óbito ou as malformações neurológicas”, destacou o Ministério.
O que é a Febre Oropouche?
O Brasil identificou o primeiro caso de Febre Oropouche em 1960. A doença transmite-se pela picada do mosquito ‘maruim’ ou ‘mosquito-pólvora’, inseto do gênero Culicoides paraensis e C. insignis, que têm o ser humano como hospedeiro principal no ciclo urbano.
No documento, o Ministério também orienta que estados e municípios intensifiquem a vigilância nos meses finais da gestação e no acompanhamento dos bebês de mulheres que tiveram infecções por dengue, Zika, Chikungunya ou Febre Oropouche.
Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a coleta de amostras e o preenchimento da ficha de notificação; alerta a população sobre medidas de proteção para gestantes, como evitar áreas com a presença de maruins (tipo de inseto) e mosquitos, instalar telas em portas e janelas, usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente.
Diferença entre dengue e febre Oropouche
Apesar da similaridade, a dengue e febre Oropouche possuem formas de transmissão distintas. A transmissão da Oropouche, causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense, ocorre pela picada do mosquito maruim e outros mosquitos amazônicos, como o Ochlerotatus.
Os principais sintomas incluem:
- Dores de cabeça
- Dor muscular
- Fraqueza nas articulações
- Náusea
- Diarreia
Por outro lado, a dengue é causada pelo DENV (vírus da dengue), transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, com quatro sorotipos identificados.
Embora os sintomas das duas arboviroses sejam semelhantes, a febre Oropouche não evolui para quadros graves e hemorrágicos como a dengue. Sinais de alerta para a dengue incluem:
- Dor abdominal intensa
- Sangramento nas gengivas ou nariz
- Hipotensão postural
- Vômitos persistentes
- Hepatomegalia
- Dificuldade respiratória
- Letargia
Estes sintomas são característicos da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença. Além disso, a dengue pode causar o aparecimento de manchas vermelhas na pele, o que não é comum na febre Oropouche. Por isso, é essencial estar ciente dessas distinções para garantir um diagnóstico e tratamento adequados.
Alerta epidemiológico e caso confirmado em MS
Em junho, Mato Grosso do Sul registrou o primeiro caso de Febre Oropouche. A mulher de 42 anos passou 15 dias na Bahia e procurou atendimento em Campo Grande por achar que estava com dengue. Em março deste ano, a SES emitiu um alerta epidemiológico para a febre Oropouche no Estado. O primeiro caso confirmado neste ano ocorreu em 29 de fevereiro no Rio de Janeiro.
O alerta considerou o elevado potencial de transmissão e disseminação da doença, que tem capacidade de causar surtos e epidemias em áreas urbanas, além da alta circulação do vírus na região Norte.
Para prevenir um possível surto da doença, a SES estabeleceu os seguintes protocolos:
- Autoridades de saúde devem notificar todo caso com diagnóstico de infecção pelo OROV (Orthobunyavirus oropoucheense).
- Preencher a Ficha de Notificação/Conclusão do Sinan para todos os casos confirmados, utilizando o CID A93.8 (Outras Febres Virais especificadas transmitidas por artrópodes). No campo de observação, deve-se incluir “Oropouche”.
- Registrar todos os exames laboratoriais realizados para o OROV no Gerenciador de Ambiente Laboratorial, independentemente do resultado.
Em caso de notificação, autoridades de saúde devem identificar o local provável de infecção por meio da investigação dos casos com diagnóstico laboratorial de infecção.
De acordo com a SES, a caracterização ambiental é fundamental para avaliar o risco de transmissão em áreas urbanas. A partir da definição dos locais prováveis, a secretaria de saúde recomenda análise laboratorial das amostras com diagnóstico molecular de dengue, chikungunya e zika não detectáveis.
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