O livro ‘O Avesso da Pele’, alvo de polêmica desde o início deste ano após ser criticado pela diretora de uma escola devido à linguagem utilizada em alguns trechos, vai voltar para as bibliotecas das escolas da REE (Rede Estadual de Ensino).
Nesta terça-feira (23) a SED (Secretaria de Estado de Educação) afirmou que a obra está em processo de devolução para as bibliotecas das unidades escolares. A medida será acompanhada de orientações pedagógicas.
“A SED informa que, após análise realizada pela equipe técnica da pasta, a obra está em processo de devolução para as bibliotecas das unidades escolares da Rede Estadual de Ensino, com as orientações pedagógicas quanto à indicação de uso”, afirmou, em nota, a secretaria.
Retirada do livro das escolas
Na primeira semana de março, o governador Eduardo Riedel (PSDB) determinou o recolhimento do livro.
Na época, a decisão se deu “em função da linguagem utilizada em trechos contendo expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendida pela REE por uso de termos que inviabilizam a utilização pedagógica em ambiente escolar”, dizia trecho de uma CI (comunicação interna) assinada pelo titular da SED, Hélio Queiroz Daher, a que o Jornal Midiamax teve acesso.
Sobre o livro
Publicado em 2020, ‘O Avesso da Pele’ conta a história de Pedro que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. A história escancara o racismo e o sistema educacional defasado do Brasil.
Segundo o próprio autor, Jeferson Tenório, o livro foi adotado em centenas de escolas pelo Brasil. A obra venceu o Prêmio Jabuti, teve direitos de publicação vendidos para mais de 10 países e ganhou adaptação para o teatro.
Em Mato Grosso do Sul, o assunto ganhou corpo na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) após deputados estaduais criticarem a adoção da obra na REE de MS.
“Não vou narrar trechos deste livro, tamanho conteúdo inapropriado. Tenho recebido centenas de mensagens de pessoas indignadas com a distribuição nas bibliotecas”, afirmou o deputado Rinaldo Modesto (Podemos) durante a sessão do Legislativo. O deputado disse que o livro tem linguagem pornográfica e que banaliza o sexo.
Na ocasião, a SED informou que faria uma “análise mais aprofundada da obra em especial para os devidos encaminhamentos”.
O que disse o MEC
Quando a polêmica se instalou, o Ministério da Educação pontuou ao Jornal Midiamax que a “aquisição das obras se dá por meio de um chamamento público, de forma isonômica e transparente. Essas obras são avaliadas por professores, mestres e doutores, que tenham se inscrito no banco de avaliadores do MEC. Os livros aprovados passam a compor um catálogo no qual as escolas podem escolher, de forma democrática, os materiais que mais se adequam à sua realidade pedagógica, tendo como diretriz o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas”.