A senadora retorna neste fim de semana dos Estados Unidos e tomará pé das articulações entre PL e PSDB na Capital
Antes de embarcar para Washington, capital dos Estados Unidos, de onde viajaria de volta para o Brasil, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) conversou com o Correio do Estado e revelou que, assim que chegar ao País, pretende marcar uma reunião com o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) e com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
O assunto da parlamentar sul-mato-grossense com as duas principais lideranças nacionais do PL será o fato de ambas terem fechado uma ampla aliança com o PSDB para as eleições municipais deste ano em Campo Grande e em mais 36 municípios de Mato Grosso do Sul.
Em missão oficial aos Estados Unidos para tratar de desafios que o Brasil enfrenta atualmente na agropecuária, sobretudo em relação ao seguro rural, Tereza Cristina foi surpreendida com a aliança PL e PSDB, pois, antes de viajar, já estaria tudo acertado para Bolsonaro apoiar a reeleição da atual prefeita Adriane Lopes (PP).
“Ao retornar para o Brasil, provavelmente terei essa reunião com o Bolsonaro e com o Valdemar em Brasília. Sobre a reunião que eles tiveram com o Azambuja (ex-governador) e com o Riedel (governador), como não participei, não posso falar nada”, declarou, reforçando que estava embarcando em um voo para Washington e não dava para conversar muito.
A senadora ainda disse que não há hipótese de o PP não ter candidatura própria para a prefeitura de Campo Grande, independentemente de alianças partidárias. “Nada muda com relação à pré-candidatura do PP ao Executivo municipal. O Partido Progressista tem pré-candidata, que é a prefeita Adriane Lopes”, garantiu.
Sobre a possibilidade de a legenda retirar a pré-candidatura da atual prefeita e lançar o nome dela para concorrer ao cargo para assim aglutinar o voto da direita na Capital, Tereza Cristina sorriu com a alternativa sugerida e foi enfática: “não há essa possibilidade”.
Ela também assegurou que o PP não tem plano “B”, tem apenas plano “A”, que é a pré-candidatura de Adriane Lopes à reeleição. “Vamos concorrer com a Adriane, com ou sem o apoio do Bolsonaro”, afirmou.
O posicionamento da senadora foi corroborado pelo secretário municipal de Governo e Relações Institucionais, Marco Aurélio Santullo, presidente estadual do PP. “Dos Estados Unidos, a senadora já confirmou que vai manter a pré-candidatura da Adriane. Isso é irreversível”, disse ao Correio do Estado.
ARTICULAÇÕES
A reportagem recebeu a informação de que a articulação da aliança entre PL e PSDB em Campo Grande teria sido comandada pelo presidente estadual do partido, o deputado federal Marcos Pollon, e pelo presidente municipal da sigla, o suplente de senador Tenente Portela.
Conforme fontes ouvidas pelo Correio do Estado, há duas semanas, Tenente Portela encontrou-se com o ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB, para oferecer a própria filha, Ana Portela, como vice na chapa encabeçada pelo deputado federal Beto Pereira.
O motivo para tal sugestão seria o fato de Ana Portela dificilmente conseguir ser eleita vereadora, pois teria a concorrência do ex-deputado estadual Rafael Tavares e de Vivi Tobias. Já Marcos Pollon busca assegurar um lugar para a esposa, Naiane Pollon, caso o nome de Ana Portela seja recusado pela cúpula tucana.
A manobra de ambos pode provocar o “cancelamento” por parte dos bolsonaristas, que já estão se posicionando contra a aliança PL-PSDB por entender que a ideologia tucana não comunga com os ideais da extrema direita sul-mato-grossense.
Os dois já estavam sendo criticados por tentarem fazer uma aliança do PL com o MDB do ex-governador André Puccinelli, que já foi preso, usou tornozeleira eletrônica e ainda enfrenta processos na Justiça.
Agora, o golpe de misericórdia contra a liderança de Pollon e Portela no PL do Estado seria a consolidação da aliança com o PSDB, partido considerado mais próximo à esquerda do que à direita, tendo, inclusive, representantes do PT na gestão do governador Eduardo Riedel.