Depois do assassinato brutal de uma candidata a vereadora, e da sua irmã, por membros de uma facção em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá, moradores relatam à Polícia Militar que estão sendo vítimas de golpe. Sob falsas ameaças, criminosos estão se passando por membros do grupo e pedindo pix em ligações e mensagens de texto no whatsapp.
Em um vídeo, o tenente-coronel da Polícia Militar de Porto Esperidião, Luiz Marcelo, fez uma orientação aos moradores sobre como agir.
Ele orienta que as pessoas não façam nenhum depósito, nem atendam ligações suspeitas.
Outra orientação geral da Polícia Militar é que toda situação suspeita deve ser denunciada no 190 ou 197, da Polícia Civil, informando às autoridades o número que entrou em contato.
Mortes na cidade
A Polícia Civil de Mato Grosso confirmou que no dia 14 de setembro as irmãs Rayane Alves Porto25 anos, e Rithiele Alves Porto28 anos, foram assassinadas a facadas a mando de uma facção criminosa por conta de uma foto postada nas redes sociais no dia 8 de setembro.
De acordo com o delegado Higo Rafael, da regional de Cáceres, a motivação dos assassinatos seria por conta dessa única postagem, na qual os gestos feitos pelas vítimas fariam alusão a uma facção rival.
“Eles pegaram as vítimas e uma festa na Beira Rio, na própria festa vasculharam os celulares das meninas e depois as conduziram para a casa. Chegando na casa, colocaram as vítimas em um quarto e foram retirando uma por uma para torturar”, detalhou o delegado.
Além das irmãs, foram sequestrados o irmão delas e o namorado de uma das moças. Os homens conseguiram fugir e sobreviveram. O irmão das jovens está hospitalizado.
Prisões
No total, 10 pessoas foram detidas pelo envolvimento nas mortes, sendo 4 maiores de idade (3 homens e 1 mulher); e 6 menores de idade (4 mulheres e 2 homens).
“Desses 10, apenas uma menina menor não tinha relação com o crime e foi liberada, mas 9 foram autuados em flagrante”, disse o delegado.
Todos os envolvidos nas mortes vão responder pelos crimes de sequestro, tortura e assassinato.
Mortes encomendadas
As investigações da Polícia Civil apontam para a possibilidade de o crime ter sido encomendado por um detento da PCE (Penitenciária Central do Estado), em Cuiabá. De acordo com o delegado, o criminoso passou as 3h comandando o crime por vídeochamada.
“Todos confessaram e, o mais importante, é que a todo momento estavam em vídeochamada com um preso da PCE. Cerca de 3 horas de tortura e eles permaneceram cumprindo o que esse preso determinava. Tudo comandado de dentro do presídio. Um dos que confessaram o crime, disse que elas já tinham sido decretadas pela facção”.
Em depoimento, o namorado de uma das vítimas – que conseguiu fugir – falou que a todo momento o preso dizia: “Essa vereadora quer tomar minha cidade”. Os criminosos, conforme o sobrevivente, apresentava falas desconexas.
O delegado afirmou que não há qualquer indício de que as vítimas tenham envolvimento com práticas ilícitas.
As irmãs fizeram parte de um circo durante parte da vida e, nas redes sociais, falavam sobre a vida na ‘lona” do orgulho de tinham de fazer parte da cultura circense.
Velório e enterro
Os corpos das duas irmãs foram enterrados no domingo (15), sob forte comoção de parentes e amigos. O velório das vítimas ocorreu em Glória d’Oeste, a 304 km de Cuiabá.