Cinco dias após a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) emitir um alerta sobre os casos de hepatite A, o número de confirmações em Campo Grande aumentou 31%, passando de 60 para 79. Esse crescimento acendeu o alerta entre as autoridades de saúde, uma vez que, em 2023, não houve registro de casos.
Hepatite A consiste em uma doença infecciosa causada por um vírus, de evolução autolimitada, que pode ser prevenida por vacina. A principal forma de transmissão ocorre por via fecal-oral, ou seja, pelo contato de fezes com a boca. A infecção também pode ocorrer pelo consumo de alimentos ou água contaminados, baixos níveis de saneamento básico e higiene pessoal, contato próximo entre pessoas e por relações sexuais.
Conforme a Sesau, o cenário epidemiológico atual é preocupante. Assim, é fundamental quebrar a cadeia de transmissão, pois o vírus se espalha facilmente entre as pessoas em contato direto. Além disso, há um risco maior de complicações, especialmente na população adulta, que pode não ter anticorpos.
“Ao identificar os primeiros casos de hepatite A, é preciso implementar medidas de cuidado relacionadas à água potável, à manipulação de alimentos e às condições de higiene e saneamento básico, tanto na comunidade quanto entre os familiares”, orienta a Sesau.
Alerta para aumento de casos
Em 25 de outubro, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) emitiu um alerta para a população sobre o aumento no número de casos. Na nota, a Secretaria destacou que mantém diálogo com o Ministério da Saúde a fim de implementar ações de controle da hepatite A em Campo Grande.
Além disso, com o intuito de driblar o índice crescente da doença na Capital, a Sesau, com o apoio da SES (Secretaria Estadual de Saúde) e o Ministério da Saúde, elaborou uma nota técnica direcionada a profissionais e instituições de saúde das redes pública e privada.
Além disso, a vacina também está disponível no CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) para pessoas a partir de 1 ano que tenham condições de saúde específicas, como hepatopatias crônicas, hepatite B e coagulopatias, doenças imunodepressoras, fibrose cística, trissomias e pessoas vivendo com HIV/Aids.
Em Mato Grosso do Sul, a cobertura vacinal contra a Hepatite A aumentou significativamente nos últimos anos. Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) indicam que, em 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19, a cobertura vacinal contra a Hepatite A foi de 68,86%. Nos anos seguintes, essa cobertura cresceu gradativamente, atingindo 81,03% em 2022 e 85,42% em 2023.
Sintomas
O período de incubação da infecção por hepatite A pode variar de 15 a 45 dias após o contato, com média de 30 dias. Já o período de transmissibilidade pode iniciar até duas semanas antes do início dos sintomas e permanecer até o final da segunda semana da doença.
Os sintomas iniciam de forma inespecífica com anorexia, náuseas, vômitos, diarreia ou, raramente, constipação, febre baixa, cefaleia, mal-estar, astenia e fadiga, aversão ao paladar e/ou ao olfato, mialgia, fotofobia, desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite, e exantema papular ou maculopapular.
Passada essa fase inicial, observa-se icterícia (pele amarelada), hepatomogalia dolorosa e, em geral, diminuição dos sintomas com posterior recuperação clínica. Segundo a Sesau, alguns pacientes podem persistir com fraqueza e cansaço por vários meses.
Prevenção
- Lavar as mãos sempre, principalmente antes do preparo de alimentos;
- Lavar os alimentos e deixar de molho por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio (água sanitária);
- Cozinhar bem os alimentos;
- No caso de locais públicos ou de grande circulação de pessoas, fazer a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais;
- Evitar rodas de tereré, incluindo compartilhamento da bomba e o compartilhamento de narguilé.
Ainda conforme a Sesau, não há tratamento específico, apenas controle dos sintomas de náuseas (metoclopramida, bromoprida, ondansetrona), febre (em geral baixa), prurido e dores (analgésicos comuns).
Nos casos com alteração de TGP/TGO recomenda-se evitar paracetamol, e a prescrição de dipirona. Como regra geral, a pasta também orienta o repouso relativo até normalização das aminotransferases. Além disso, pode haver necessidade de hidratação venosa nos pacientes mais sintomáticos.
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