Após acordo de Brasil e Argentina nesta segunda-feira (18), o gás natural de Vaca Muerta, norte da Patagônia, poderá entrar pelo Paraguai e passar por Mato Grosso do Sul. Conforme avaliação do governador Eduardo Riedel (PSDB), passagem do gás pelo estado traria vantagens econômicas.
O acordo define o início do fornecimento de 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia para o Brasil a partir de 2025. O documento ainda não crava qual será a rota de chegada do gás da Argentina para o Brasil, mas estabelece que há 5 opções na mesa. Confira:
- inversão do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), via Bolívia (passaria por MS);
- via Paraguai, construindo um gasoduto novo pelo Chaco Paraguaio (passaria por MS);
- ligando a Argentina direto em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul;
- ligando com o Rio Grande do Sul pelo Uruguai;
- transformar o gás em GNL (gás natural liquefeito) para transportar por navio ou caminhões.
Ao Midiamax, Riedel disse que a entrada do gás natural argentino pela Bolívia ou Paraguai, trataria vantagens para MS. “O presidente do Paraguai esta nessa agenda para trazer esse gás pelo Paraguai e que entre por Porto Murtinho. Isso seria extremamente positivo. Maior disponibilidade de uma matriz extremamente importante, mais competitividade, porque o gás vem competitivo de preço. Na nossa gestão, é para que essa entrada de gás venha por MS. Vamos ter essa possibilidade de receita e agregando possibilidade de novos preços”, disse.
O governador explica que, caso o gás passe pelo Rio Grande do Sul, não haveria impactos negativos para MS. “Negativamente, de modo algum. Não teria nenhum prejuízo, mas teria muitos ganhos se entrasse por aqui”, disse.
Gás argentino para o Brasil
O Ministério de Minas e Energia (MME) assinou nesta segunda-feira (18) Memorando de Entendimento com a Argentina para viabilizar a exportação de gás natural argentino ao Brasil. O acordo foi feito durante o G20cúpula de líderes mundiais das 19 maiores economias mais União Europeia e União Africana. O ato cria um grupo de trabalho bilateral para identificar as medidas necessárias para viabilizar a oferta do produto argentino, com destaque para o Gás de Vaca Muerta, no norte da Patagônia.
Dentre as medidas, se destacam o estudo da viabilidade econômica das rotas logísticas, considerando a possível expansão da infraestrutura existente dos dois países, por meio da qual estima-se uma viabilidade de movimentação de 2 milhões de metros cúbicos por dia no curto prazo, aumentando nos próximos 3 anos para 10 milhões, até atingir 30 milhões em 2030.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância da concretização do ato. “Essa é uma importante entrega do programa Gás Para Empregar, que criamos com o objetivo de aumentar a oferta de gás natural e promover a reindustrialização do país. Ao concretizar a importação do gás de Vaca Muerta, estamos fortalecendo o desenvolvimento das indústrias de fertilizantes, vidro, cerâmica, petroquímicos e tantas outras que trazem desenvolvimento econômico ao Brasil. Teremos mais gás, e junto com ele mais emprego, renda e riqueza para brasileiras e brasileiros”, afirmou.
O documento indica que o grupo deve buscar o uso da infraestrutura já existente nos dois países, permitindo a exportação do gás argentino no menor tempo e com o menor custo possível. Para isso, o grupo formado deverá identificar meios para viabilizar o projeto e a construção de infraestruturas necessárias para interconectar os gasodutos existentes de cada país.
Na agenda de trabalho dos estudos, estão elencadas prioridades como infraestrutura, transporte e interconexão entre os países e tipos de operações. O memorando tem validade de 18 meses, prorrogáveis. Ao final desse período, será apresentado relatório das atividades.
“Hoje estabelecemos um protocolo com o ministro da Economia argentino o que demonstra que estamos empenhados em construir política de Estado e não de governo para poder dar mais um passo fundamental no programa Gás Para Empregar que visa ampliar a competitividade nacional. Sabemos da importância do gás para reindustrializar o Brasil. A indústria química do Brasil tem hoje 30% de ociosidade porque não tem competitividade na aquisição do gás. O gás no Brasil só vamos diminuir o preço quando aumentarmos a oferta”, disse o ministro em coletiva de imprensa.
*Agência Brasil