Após 6 meses, Prefeitura de Coxim nota erro e cancela licitação para hospedagem de pacientes

Após divulgar vencedor do pregão, Prefeitura de Coxim percebeu que edital que tratava de oferecer hospedagem a pacientes de saúde em Campo Grande não exigia itens com acessibilidade

A Prefeitura de Coxim, município a 253 km de Campo Grande, demorou pelo menos seis meses para “notar” que o edital licitatório para hospedagens de pacientes na Capital continha “vícios insanáveis”, como a obrigatoriedade de itens com acessibilidade. As regras do pregão eletrônico foram divulgadas em 19 de novembro de 2024, porém somente após a sessão pública de lances em dezembro e a homologação do resultado, em 20 de fevereiro deste ano, o Executivo resolveu, na última quinta-feira (15), cancelar a licitação. 

A medida da Prefeitura de Coxim gerou revolta no vencedor do pregão 031/2024, que aguarda há quase três meses para assinar o contrato. Almir Guimarães procurou o Midiamax para reclamar da decisão. Ele conta que, durante o processo seletivo, a Pousada Recanto Alaketu Hospedagem (razão social Solange Meira Guimarães Viração LTDA), localizada na Vila Planalto, passou por duas visitas técnicas. O empresário vencedor do certame alega que não foi questionado sobre veículo adaptado nas duas ocasiões. 

“Inclusive, na época, como eu havia ganho o pregão eletrônico com eles, eu deixei de participar de outros pregões eletrônicos. ‘Só Coxim vai dar a minha capacidade de lotação, não vou pegar outro município para passar vergonha’, eu pensei. E hoje estou sem clientes por conta deles. Aí hoje vem revogar o edital?”, questiona.

EDITAL 043.2024 FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE COXIM-MSBaixar

Edital não previa acessibilidade para pacientes

O edital estimava a contratação da empresa para a prestação do serviço de hospedagem e transporte por pouco mais de R$ 280 mil (R$ 280.303,25). A disputa entre quatro empresas terminou com a Solange Meira Guimarães Viração LTDA (CNPJ n. 55.157.581/0001-61) como vitoriosa, oferecendo o menor valor global, que levou o edital por R$ 114.733,20. O valor unitário por paciente saiu por R$ 83,14. 

O objeto do pregão estabelecia a contratação de empresa especializada em hospedagem, como hotel ou pousada, que oferecesse a pernoite (24 horas) para pacientes encaminhados para tratamento de saúde em Campo Grande, em atendimento da Secretaria de Saúde do Município de Coxim. A viagem até a Capital seria de responsabilidade da prefeitura.

O edital exigia quatro refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar) com um cardápio variado, incluindo frutas, sobremesas, entre outros. Já os quartos precisavam ter banheiro e ar-condicionado.

“Nada justifica a demanda deles. Eu recebi duas visitas técnicas, na primeira estava o prefeito e a comitiva dele, e a segunda estava a secretária [de Saúde] e a comitiva dela, em momento algum me questionaram a respeito do veículo”, relembra o empresário. 

Outro item exigido era sobre o transporte de pacientes do hotel ou pousada até o local do procedimento (hospital, clínica, laboratório e outros) e retorno ao hotel ou pousada com van de 16 de lugares e um veículo de cinco lugares. Ambos deveriam ter ar-condicionado, estar em pleno estado de conservação e segurança. Não é citada a exigência de veículos adaptados. 

Já na justificativa para anular o pregão, com data da última quinta-feira (15), a Prefeitura de Coxim alega que, no estabelecimento, falta acessibilidade para o atendimento adequado aos pacientes, especialmente para idosos e pessoas com com dificuldades de locomoção. Foi dado um prazo de cinco dias úteis para que a empresa adjudicatária se manifeste.

“Dentre as falhas constatadas, destacam-se a falta de previsão expressa no edital de rampas de acesso, banheiros adaptados, ausência de barreiras arquitetônicas, inexistência de espaço específico destinado à refeição dos pacientes e ausência de veículos adaptados adequados ao transporte dos pacientes. Essas irregularidades configuram descumprimento direto do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015) e das especificações técnicas previstas nas normas técnicas da ABNT (NBR 9050/2020), bem como violam princípios administrativos fundamentais como a legalidade, eficiência e supremacia do interesse público”, justifica a notificação. 

Empresário questiona qualidade de ônibus

“Ganhei na cara limpa, com o melhor preço de proposta, até que hoje [15 de maio] a secretária de Administração me encaminhou o documento informando que iam cancelar o pregão eletrônico porque a minha empresa não ofereceu veículo adaptado para o transporte dos pacientes, sendo que nem eles têm isso. Eles carregam os pacientes em ônibus próprio da prefeitura, que inclusive vive dando problemas pelas BRs”, argumenta Almir Guimarães.

Midiamax mostrou, no início de abril, que uma pane mecânica em uma van da Prefeitura de Coxim deixou pacientes no meio da BR-163. O veículo, que levava crianças para atendimento médico em São Gabriel do Oeste, sofreu falha mecânica, obrigando o motorista a buscar um local seguro para estacionar.

O incidente ocorreu em um trecho movimentado da rodovia, onde há intensa circulação de carretas. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o motorista trafegando lentamente pelo acostamento, com o pisca-alerta ligado, enquanto tentava encontrar um ponto para parar o veículo.

Diante da repercussão, a Prefeitura de Coxim divulgou uma nota esclarecendo que o problema mecânico foi detectado pelo motorista, que seguiu os protocolos de segurança e decidiu retornar à cidade. O veículo foi imediatamente encaminhado para manutenção.

O que diz a Prefeitura de Coxim?

Midiamax entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Coxim para perguntar sobre o assunto, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações. 

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FONTE: MIDIAMAX

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