Na próxima semana, o Ministério dos Portos e Aeroportos (Mpor) e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) reuniram-se com representantes das empresas aéreas GOL, Latam, Azul Linhas Aéreas e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) para discutir novos procedimentos relacionados ao transporte de animais.
Em Campo Grande, diversas famílias que têm viagens marcadas e passagens compradas estão ansiosas, aguardando uma solução para poderem viajar com seus animais de estimação com segurança.
De acordo com o Ministério, a ANAC deve realizar audiências na próxima semana para aprimorar a Portaria nº 12.307/23, que estabelece as condições gerais para o transporte de animais no transporte aéreo, tanto em voos domésticos quanto internacionais.
Ainda de acordo com o Ministério, a companhia se comprometeu a apresentar propostas e sugestões dentro de 10 dias para aprimorar a viabilidade do transporte de animais no porão de aeronaves.
O objetivo desta audiência é buscar soluções para melhorar a qualidade dos serviços de transporte aéreo no país e também levar propostas ao Congresso Nacional para discussão do tema.
Com base nas questões apresentadas pela sociedade, pelo Parlamento e pelas empresas aéreas, o Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor) lançará, ainda neste primeiro semestre, a Política Nacional de Transporte Aéreo de Animais, visando garantir mais segurança e bem-estar aos animais transportados pelas áreas no Brasil.
Morte do Golden Retriever Joca
A morte do Golden Retriever Joca, ocorrida na última segunda-feira (22) em um avião da Gol, suscitou questionamentos sobre a qualidade dos serviços de transporte de animais por via aérea no país.
O cão deveria ter sido enviado para Sinop (MT), mas foi embarcado para Fortaleza (CE). Seu tutor, João Fantazzini, estranhou a demora e descobriu ao desembarcar no Mato Grosso que seu amigo foi encaminhado para o destino errado.
Rapidamente, o tutor voltou para Guarulhos (SP) para se reunir com Joca, que deveria estar retornando para São Paulo. No entanto, ao chegar ao aeroporto, encontrou o animal morto dentro de uma caixa metálica onde deveria estar sendo transportado. O tutor de Joca acusa a empresa de negligência.
Horas após os acontecimentos, a empresa aérea Gol admitiu uma falha operacional no transporte do cão. Em nota, a empresa informou que acompanhou o animal em todo o trajeto, mas o falecimento foi inesperado.
De acordo com atestado de óbito, Joca faleceu por uma parada cardiorrespiratória, mas outros motivos sobre a sua morte não foram esclarecidos. A empresa informou que está prestando todo suporte ao tutor e ajudando na investigação. Logo após os acontecimentos, a empresa suspendeu o serviço por 30 dias.
Mais vítimas .
Este problema não é novo nas companhias aéreas brasileiras. Há dois anos atrás, outro Golden, o filhote Zyon, foi enviado de Guarulhos até o Rio de Janeiro pela latam, mas morreu antes mesmo de conhecer a sua nova estadia.
Outro problema aconteceu no transporte de um American Bully, o Weiser. Ele saiu de Guarulhos com destino a Aracaju (SE), mas o animal chegou sem vida no destino final.
Ambos os casos geraram revolta na sociedade e as companhias aéreas suspenderam os serviços da Latam na época.
A partir destes casos, a Latam aceita somente cães a partir de 16 semanas (quatro meses) e não com oito semanas, como estava acontecendo. A empresa também mudou a sua política, mudando as regras das caixas onde os animais são acondicionados tanto na cabine como nos porões dos aviões durante os voos.
Segundo a empresa, o kennel deve ter o tamanho suficiente para que o pet consiga viajar seguro. Já na cabine do avião, podem ser usados dois tipos de caixas: no kennel ou na bolsa flexível. Antes do acidente, animais com 7 kg é quem poderia viajar ao lado do seu tutor nas cabines.
No caso de despachos de animais, a Latam oferece uma caixa de fibra de vidro, plástico rígido ou madeira (para animais de grande porte).
Os problemas fizeram a Aviação Civil (Anac) refletir sobre os cuidados no transporte de animais em outubro do ano passado. Segundo as normas, o pet para viajar ao lado do tutor precisa passar por um check-up e ter a carteira de vacinação em dia, para garantir a segurança e o bem-estar dos parceiros e do próprio animal.
Outro caso que foi aprovado é a viagem do cão-guia ou de apoio emocional dentro das cabines gratuitamente. Além das normas para saúde do animal, o tutor precisa apresentar a identificação e comprovante de treinamento. O pet precisa viajar deitado no chão da aeronave ao lado do dono e deve estar equipado com arreio, mas não precisa usar focinheira.
Incerteza
Enquanto acompanham o desenrolar do ocorrido, a médica veterinária Gabrielle Denadai e a esposa, Stéfany Ortega, estão de mudança de Campo Grande para o Piauí, e terão que dividir a viagem em duas etapas, por possuírem seis animais de estimação (sendo 3 gatos e três cachorras). Serão mais de 7h de viagem.
“Infelizmente, minhas cachorras não têm peso e tamanho para irem na cabine, elas têm que ir no porão somente, e mesmo se pudessem, como cada passageiro pode levar apenas um animal na cabine, eu opto por levar os gatos comigo. Sou médica veterinária também e entendo que para o gato tem muito mais risco por conta do estresse”, explicou a médica veterinária.
“Mas mesmo para os cachorros, é um processo muito estressante e que poderia facilmente ser minimizado a quase nada se eles pudessem ir na cabine com os tutores”.
Segundo Gabrielle, a empresa orientou um pote de água dentro da caixa de transporte, a alimentação deve ser feita duas horas antes do voo e ela ainda tem a opção de ir olhar Alaska, Bonnie e Jessie durante as conexões.
A empresa ainda informou que fornece um profissional qualificado para verificar a situação das cachorrinhas.
No entanto, um dos problemas apresentados está justamente na confirmação do embarque, que é emitido pela companhia aérea apenas 48 horas antes da viagem.
Deste modo, pode ocorrer que as cachorras não obtenham autorização para acompanharem a tutora mesmo no porão da aeronave.
“Se fosse aqui por perto, a gente, com certeza, iria de carro justamente para ir todo mundo junto e em segurança, mas como é um estado muito longe, a gente tem que contar com a questão do avião”, explicou Gabrielle.
Veja regras de cada empresa aérea:
GOL
- Na são permitidos cães e gatos com peso até 10kg na cabine;
- O pet precisa ter no mínimo 6 meses;
- O tutor precisa apresentar um documento atestado pelo veterinário com as seguintes informações: raça, nome, idade, origem e pedigree.
- A caixa de trasporte precisa ter as seguintes medidas: A caixa de transporte deve ter até 82 cm de altura, 114 cm de largura e 142 cm de comprimento;
- Custo: voos domésticos ficam entre R$ 250 e R$ 300; enquanto os internacionais a variação de preço ocorre entre R$ 600 e R$ 650;
- O check-in deverá ser feito pelo tutor do pet no balcão de atendimento duas horas antes do voo para domésticos e três para internacionais;
- A Gol oferece os seguintes serviços:
- Dog&Cat, para pets com mais de 30kg, a empresa fornece caixa de transporte. Os animais viajam no compartimento de carga e o custo do serviço é de R$ 850 e R$ 900 (para voos domésticos) e 1.110 e R$ 1.150 (internacionais)
- O serviço Gollog, para animais acima de 30kg, devem ser feito com antecedência de 48h;
- A documentação varia de acordo com cada espécie e pode ser consultada site oficial da Gollog.
LATAM
A empresa oferece três opções de viagem para os animais: na cabine (com o tutor); no bagageiro do mesmo voo; e via Latam Cargo, onde o pet segue em outra aeronave;
- O tutor deve apresentar um documento emitido pelo médico veterinário, contendo informações do animal como idade, raça, comprovante de vacinas e declaração de bom estado de saúde;
- Para poder viajar o pet precisa ter 16 semanas e ter sido desmamado cinco dias antes da viagem;
- Voos internacionais precisam respeitar os critérios exigidos no país do destino;
- Está liberado que cada passageiro leve um animal de porte pequeno na cabine;
- O animal não pode estar sedado e as medidas da caixa de transportem devem ser: 25 cm de altura, 28 cm de largura e 40 cm de comprimento (sendo imprescindível que ele possa ficar em pé e se mover no espaço);
- As únicas classes que permitem animais na cabine são: Economy ou Premium Economy;
- Ainda assim, o embarque do pet só será permitido caso o voo possua assentos vagos;
- Custo: R$ 200 reais (voos domésticos) e té US$ 250 aproximadamente R$ 1.282,50 (voos internacionais)
- Para animais maiores os clientes são orientados a consultar o serviço de animais de estimação no bagageiro (não é permitido animais em voos com duração de 7h de viagem) nesta modalidade cada passageiro pode embarcar com dois pets que pesem até 45kg;
- A caixa transportadora deve conter recipiente para água e comida;
- Custo: R$ 500 e R$ 900 (voos domésticos) e US$ 300 aproximadamente R$ 1.539 (voos internacionais).
AZUL
- É permitido pela companhia aérea o transporte de cães e gatos na cabine, desde que estejam em uma caixa de transporte com as seguintes medidas: centímetros de altura, 32 centímetros de largura e 43 centímetros de profundidade;
- O pet na caixa transportadora não pode pesar mais de 10kg;
- Caso o limite seja ultrapassado, o animal poderá ser levado no compartimento de carga ou em um local específico para pets;
- É necessário apresentar documentos assinados por um médico veterinário, expedido no máximo 10 dias antes do voo, atestando a saúde do pet, com a carteira de vacinação (sendo a de antirrábica atualizada para animais com mais de três meses);
- A vacina de antirrábica precisa ter sido aplicada com pelo menos 30 dias antes do voo ou menos de 1 ano antes da data da viagem;
- Será necessário apresentar um Certificado Zoosanitário Internacional (CZI) e um Certificado Veterinário Internacional (CVI) que são documentos válidos por 60 dias começando a contar a partir da data de emissão;
- Custo: voos domésticos R$ 250 com a permissão para até três animais por aeronave na cabine; Voo internacional a taxa pode variar entre R$ 250 e R$ 1.575;
- ** Para cães-guia ou de acompanhamento as regras não serão aplicadas por receberem treinamento para viajar de avião e possuírem permissão para irem com o tutor conforme o levantamento realizado pela FolhaPress.
*Colaborou Laura Brasil