Uma das investigadas na operação “Pantanal Terra Nullius”, deflagrada pela Polícia Federal para desarticular um esquema de grilagem de terras públicas no Pantanal sul-mato-grossense, a empresária e pecuarista Elizabeth Peron Coelho já era alvo do Ministério Público Estadual por supressão ilegal de vegetação em área de vereda — ecossistema protegido por lei — no município de Rio Brilhante.
A ação civil pública foi ajuizada em 2020 pela 2ª Promotoria de Justiça da cidade e tem como base vistoria técnica que apontou desmatamento em Áreas de Preservação Permanente (APPs), ausência de recomposição florestal e ocupação de veredas sem cobertura vegetal, na propriedade rural denominada Fazenda Capivari. Elizabeth é inventariante do espólio de Magno Martins Coelho, ex-proprietário da fazenda.
Conforme os laudos anexados ao processo, imagens de satélite e vistorias de campo comprovaram a existência de 3,21 hectares de veredas degradadas e pelo menos 37 hectares de APPs sem a vegetação nativa exigida. A promotoria chegou a propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), recusado pela empresária, que alegou não haver danos ambientais.
O Ministério Público requer, na ação civil, a reparação integral do dano, a apresentação de projeto de recuperação ambiental (PRADA) e a inscrição formal das veredas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), além de indenização a ser revertida ao Fundo Municipal de Meio Ambiente. O processo está concluso para decisão desde 23 de março deste ano.
Paralelamente, ontem, Elizabeth voltou a ser citada, desta vez como alvo da operação da Polícia Federal que investiga um esquema de fraudes em processos administrativos de titulação de terras da União. De acordo com a PF, empresários e servidores públicos da Agraer teriam inserido documentos falsos em processos de regularização fundiária para obter de forma ilícita a posse de áreas localizadas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
Elizabeth foi alvo de mandado de busca e apreensão em Campo Grande, onde foram recolhidos documentos e bens. A operação identificou movimentações financeiras que podem ultrapassar R$ 3 milhões.
A reportagem mantém espaço aberto à manifestação de Elizabeth Peron Coelho.