Alteração dos ventos por frente fria e a volta do tempo seco foram os fatores climáticos que deixaram este mês com os piores índices de qualidade do ar em Campo Grande, pelo menos, desde 2021.
Segundo dados da QualiAr, projeto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) que monitora a qualidade do ar da Capital, no início deste mês, do dia 2 até o dia 4, a concentração de material particulado na atmosfera em Campo Grande foi classificada como ruim para a saúde humana.
De acordo com o professor e coordenador do QualiAr da UFMS, Widinei Alves Fernandes, desde quando o projeto começou a operar, em março de 2021, os dados obtidos nunca foram tão preocupantes quantos os obtidos neste mês até agora.
“Em comparação ao mês de agosto de anos anteriores, não tivemos esta condição, este ano vem sendo atípico. Os valores médios estão acima do normal. Esses valores altos tinham sido observados em 2022 nos meses de setembro a novembro, mas neste ano já se observa de maneira antecipada em agosto”, informou Fernandes.
O professor afirma que a qualidade do ar em Campo Grande registra níveis preocupantes neste mês em razão de uma mudança na corrente de ventos, que trouxe a fumaça das queimadas do Pantanal de Mato Grosso do Sul à Capital.
“Nestes últimos dias, os picos de baixa qualidade do ar ocorreram por conta da queimada no Pantanal, que não estava direcionada para Campo Grande, porém, com a chegada da frente fria (há duas semanas), ela alterou a direção do vento, trazendo a fumaça que foi para o sul do Estado de volta para Campo Grande, ocasionando a piora na qualidade do ar”, analisou.
As chuvas que ocorreram no dia 10 ajudaram a melhorar a qualidade do ar para condições consideradas boas, porém, a tendência, de acordo com o professor Widinei Fernandes, é de que os índices aumentem novamente em razão da possibilidade de um novo período sem chuvas expressivas na Capital.
“A chuva é o principal fator de limpeza da atmosfera. Agora que não há previsão de chuvas para Campo Grande, provavelmente teremos condições semelhantes à dos anos anteriores, podendo chegar a índices ruins de qualidade do ar novamente”, explicou o coordenado do QualiAr.
A tendência de piora da qualidade do ar nos próximos dias se dá porque, com a falta de chuvas, as partículas presentes na fumaça e de outros poluentes ficam na atmosfera por muito tempo, concentrando material particulado fino no ar, que são resíduos extremamente tóxicos em estado sólido ou líquido e podem ser causados por diversos fatores, entre eles, os incêndios.
POLUENTES
Conforme informações do QualiAr, a tendência para Campo Grande até o fim deste ano é de continuar com uma média de concentração de poluentes acima do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como boa para a saúde humana.
Segundo as Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS (2021), recomenda-se os seguintes limites de concentração para poluentes: média anual de 5 µg/m³ (micrograma por metro cúbico) de PM 2,5.
O PM 2,5 é caracterizado como o material de partículas muito finas de poeira em suspensão, sendo este o principal poluente usado para medir a qualidade do ar no mundo.
Segundo o professor Widinei Fernandes, a média de concentração de poluentes em Campo Grande está na faixa de 8,9 µg/m³ a 10 µg/m³ diários, com picos de 11 µg/m³ diários, podendo ultrapassar a média anual estabelecida pela OMS.
“Estes valores altos são em função de queimadas rurais que ocorrem nas proximidades de Campo Grande, assim como as queimadas urbanas, somadas ao fluxo veicular, além de sermos atingidos por fumaça proveniente de outras regiões. Levando tudo isto em conta, a piora da qualidade do ar acontece”, descreveu.
O professor também alerta que o tempo seco, em razão da falta de chuvas, aumenta a possibilidade de ocorrência de níveis de qualidade do ar baixos. Em função disso, a população deve usar máscaras e intensificar a hidratação, diminuindo também a intensidade das atividades físicas, além de, se possível, utilizar umidificador nas residências para melhorar a qualidade do ar que está sendo inalado.
PREVISÃO DO TEMPO
As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar, que chegou na casa dos 8% em Mato Grosso do Sul, devem dar espaço para uma frente fria, que se inicia a partir desta quinta-feira.
A queda das temperaturas, porém, não deve ser intensa, estendendo-se até o fim de semana, quando aumentará a umidade relativa do ar, mas com poucas possibilidades de chuvas.
O bloqueio atmosférico que paira sobre o Estado perderá força e a massa de ar quente se afastará de MS, dando espaço a esta nova frente fria.
Saiba
A fumaça que pairou sobre Campo Grande neste mês foi causada pela baixa umidade, aliada aos incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul, onde devastação já chegou a 1,8 milhão de hectares.
(Colaborou Daiany Albuquerque).
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