O advogado Daniel Fernando Nardon, de 46 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira (15), suspeito de aplicar golpes utilizando procurações de pessoas falecidas ou estado vegetativo. A prisão ocorreu nesta quinta-feira (15), na base da PRF (Polícia Rodoviária Federal), na BR-163, em Dourados – distante a 225 quilômetros de Campo Grande.
A Justiça do Rio Grande do Sul já havia expedido um mandado de prisão contra Nardon. Segundo o site Ligado Na Notícia, o advogado viajava de carro, acompanhado de um amigo, e afirmou que vinha do Mato Grosso. A suspeita é de que ele tentava fugir para o Paraguai. Após a prisão, foi encaminhado à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados.
O advogado é um dos principais investigados na Operação Malus Doctor, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul em 7 de maio. A operação mira 14 pessoas, entre elas nove advogados, suspeitos de envolvimento em um esquema de “advocacia predatória” que pode ter causado prejuízos superiores a R$ 50 milhões.
Mesmo foragido, no início desta semana a 1ª Vara Regional de Garantias de Porto Alegre determinou a apreensão do passaporte de Nardon. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) suspendeu preventivamente seu registro profissional, alegando a gravidade dos fatos e a necessidade de preservar a integridade da advocacia.
A prisão ocorreu devido a uma ação conjunta com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
O esquema
Segundo a investigação, Nardon ingressava com ações judiciais contra instituições financeiras alegando irregularidades em contratos bancários, utilizando procurações de pessoas já falecidas — em pelo menos um caso, o cliente havia morrido dois meses antes da suposta assinatura. O advogado afirmou não saber do falecimento.
A polícia identificou diversos processos semelhantes, todos tramitando na comarca de Porto Alegre. Em um único dia, Nardon chegou a protocolar 581 ações. No total, os investigadores contabilizaram mais de 145 mil processos no Rio Grande do Sul e outros 30 mil em São Paulo, relacionados ao grupo.
De acordo com o delegado Vinicius Nahan, da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, os investigados protocolavam em massa ações de revisão de juros em empréstimos consignados, muitas vezes com documentos falsificados. As indenizações obtidas eram, então, desviadas. A maioria das vítimas seria formada por aposentados, entre eles policiais militares e professores.
As investigações também revelaram que o grupo utilizava uma empresa de consultoria e chegou a criar um banco digital próprio, batizado de “Nardon Bank”, que não possui autorização do Banco Central para operar.