Carlos Fernandes Soares, ‘sobrinho’ de Márcia Catarina Lugo, esposa de um policial civil aposentado, que foi assassinada com um tiro na testa, no dia 7 de outubro de 2021, e teve seu corpo encontrado no dia 8 de outubro, na BR-262, negou diante do júri, na manhã desta segunda-feira (18), o crime.
Para os jurados e o juiz, Carlos disse que quem cometeu o assassinato foi o agiota ‘China’ para quem devia dinheiro e Márcia o estava ajudando a quitar a dívida, sendo que já havia, inclusive, emprestado a ele o valor de R$ 90 mil.
Ele disse que no dia do assassinato, as coisas ‘fugiram do controle’ e que ele estava na companhia da vítima para seguir o marido dela, de quem, segundo ele, desconfiava de traição. Ainda segundo Carlos, ‘China’ apareceu onde os dois estavam, totalmente alterado e gritando que queria dinheiro e, caso não recebesse, iria contar ao marido de Márcia que Carlos estava recebendo dinheiro dela.
No dia do assassinato, Carlos contou que ‘China’ abriu a porta do carro onde estavam e engatilho a arma na cabeça dele, e que, neste momento Márcia começou a gritar e ele tentou tirar a arma do agiota que acabou disparando contra a cabeça da vítima.
“Ele estava o todo tempo no telefone e deu a entender que aquilo fugiu do controle dele ou não tinha autorização para fazer aquilo com a gente tanto que a gente fez duas paradas em estradas de chão”, disse Carlos após Márcia ser morta a tiros.
Na época, Carlos chegou a fugir, mas depois acabou preso acusado do assassinato. De acordo com o depoimento do delegado, por várias vezes Carlos entrou em contradição. “Mentiu várias vezes”, afirmou o delegado. Ainda segundo Reis Belo, “tanto antes quanto pós-morte foram efetuados vários saques de transações, compras, até empréstimos, um montante de R$ 120 mil”.
Ainda no início das investigações, o marido de Márcia foi descartado como suspeito. Diante das várias contradições de Carlos, uma delas chamou a atenção do delegado. “Agiota sair cobrando numa sexta à noite é meio estranho né?!”, afirmou o delegado.
“Interroguei ele três vezes e tive o cuidado de fazer em vídeo para que ficasse registrado de maneira clara que em momento algum ele sofreu nenhuma pressão por parte da polícia a polícia trabalhou de forma limpa buscando apresentar os fatos nos demos corda para que ele se esforçasse e ele falou o que quis na hora que quis e teve três oportunidades para apresentar a versão dele e mentiu em todas”, falou Reis Belo sobre o interrogatório de Carlos.
Relembre o caso
A vítima foi encontrada morta, em um banco de areia, abaixo da ponte de um córrego, na BR-262, na tarde do dia 8 de outubro de 2021, horas após desaparecer. Ela estava com um tiro na testa.
Márcia era casada com um policial civil aposentado. As investigações revelaram que Carlos matou a amiga depois de atraí-la para um suposto flagrante de traição do marido dela.
No trajeto, o réu teria atirado na testa da vítima. Eles estavam em um carro SW4 alugado por ele. Depois de matar a vítima, Carlos levou o veículo para um lava jato, uma serralheria e a uma tapeçaria para consertar os danos causados pelo disparo.
A Polícia constatou que Carlos fez várias transferências bancárias, além de compras pagas com cartão de Márcia. Dias depois, ele foi preso em um Hotel em Dourados.