Vivemos em uma fase de extrema transformação, especialmente por causa da tecnologia da informação, e agora em especial pela internet das coisas (IoT) e pela inteligência artificial (IA). No caso das instituições de longa permanência para idosos, está havendo uma ampla metamorfose por, entre outros acontecimentos, novas tecnologias que proporcionam mais conforto e segurança, como, por exemplo, os sistemas de chamadas sem fio, que agilizam o pronto atendimento e melhoram a segurança dos internos, e as centrais informatizadas, que auxiliam as diversas incumbências cotidianas.
As novas ferramentas digitais vieram para ajudar muito, mas nunca poderão substituir o ser humano, por causa de peculiaridades como afeto, empatia, atenção e gentileza, entre outras características necessárias no trato com as pessoas. A humanização de espaços de amparo e de saúde voltados ao público mais vivido é essencial para uma sociedade mais justa e harmoniosa.
Em relação às tecnologias, além dos diversos tipos de sistemas de chamadas (campainhas) sem fio e de soluções long range de amplificação de alcance, há novidades como a central informatizada, que é um sistema ou estrutura que utiliza a tecnologia da informação para administrar, controlar e automatizar processos, operações ou informações em uma organização. Ela pode ser composta por hardware, software, redes e bancos de dados integrados, o que torna possível monitorar e controlar diversos sistemas ou funções de uma única vez dentro de um ambiente específico.
São soluções que também controlam chamadas telefônicas, e-mails e outras formas de comunicação, para proporcionar mais apoio e segurança ao usuário. Elas também podem operar como centrais de automação predial, que integram e gerenciam, nas edificações, sistemas de iluminação, climatização, câmeras de vídeo e outros. O fato é que essas centrais são muito importantes para melhorar a eficiência, a segurança e a agilidade em organizações modernas. Uma central informatizada pode ser utilizada por cuidadores, mas também por enfermeiros e médicos.
Em relação ao nível de automação das instituições de longa permanência para idosos, é variado. Existe uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obrigando que os leitos destinados ao público sênior tenham campainhas ao lado, qualquer que seja o estabelecimento de saúde. Consequentemente, é compulsória a existência desse tipo de dispositivo ao lado do leito do idoso nessas casas de repouso.
No entanto, há players nesse mercado que não apresentam produtos de qualidade, inclusive importados. Muitos deles não dispõem de suporte de manutenção no País e causam uma preocupação muito grande no pós-venda. Além disso, há fabricantes, distribuidores ou importadores que não oferecem assistência técnica ao cliente, e há aqueles ainda que trabalham de qualquer maneira e sem comprometimento.
Inclusive, há alguns estabelecimentos que cumprem a lei, mas, na verdade, adaptam aquelas campainhas residenciais, que têm baixo custo, contudo inevitavelmente vão sofrer com problemas técnicos no futuro. Não basta só colocar a campainha do lado do leito, é necessário proporcionar o acompanhamento mais próximo e com excelência junto àqueles que se empenharam no conforto e nos cuidados dos familiares em épocas pregressas.
O dia a dia de um recinto para acomodar os grisalhos não apresenta uma gestão despojada, como à primeira vista poderia parecer. Além da Anvisa, a operação desses espaços também tem sido observada cuidadosamente pelo Ministério Público, para que, entre outros, sejam cumpridos aspectos sanitários, de atendimento e bem-estar, previstos na Resolução RDC nº 502, de 27 de maio de 2021, que dispõe sobre o funcionamento de instituições de longa permanência para idosos de caráter residencial.
Nos termos da legislação, entre várias disposições, foi determinado o grau de dependência do idoso. No grau de dependência I, são classificados os idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda. O grau de dependência II compreende aqueles idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária, tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada. Por fim, o grau de dependência III abrange aqueles idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.
Segundo o Sindicato Patronal das Instituições Privadas de Longa Permanência para Idosos do Estado de São Paulo, há uma relação direta para o atendimento exato entre a quantidade de cuidadores x idosos. No grau I, é de 20 idosos por colaborador, no grau II, é de 10 idosos por colaborador, e no grau III, é de seis idosos por colaborador. A proporcionalidade é uma das referências para que esse grupo social seja muito bem assistido e naturalmente. É importante ressaltar que, no futuro, nunca haverá uma solução totalmente maquinal para que esse tipo de trabalho seja apropriado e dignificante.
Hoje em dia, o setor de recintos para a terceira idade apresenta um panorama muito bom, porque a população do Brasil está envelhecendo. A previsão de especialistas é que, em 2050, serão mais idosos com 60 mais do que com 60 menos. A abertura de casas de repouso é um cenário visto constantemente, e hoje o Brasil tem mais de 10 mil unidades desse tipo de estabelecimento. Mesmo assim, ainda não são suficientes para atender boa parte da população. O futuro, portanto, é muito encorajador para esse segmento tão fundamental para a coletividade.